O investimento na etapa de extração do óleo ficará a cargo das cooperativas, que esperam contar com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Conforme as cooperativas, uma esmagadora de porte médio, capaz de gerar 60 mil litros por dia, custa cerca de R$ 3 milhões. As 24 que estão previstas devem ter capacidade para produzir de 10 a 40 mil litros diários. A Petrobras irá comprar o óleo produzido pelas esmagadoras.
Como há tradição de cooperativismo no Estado, o diretor de gás e energia da Petrobras, Ildo Sauer, disse que a estatal quer adquirir matéria-prima da agricultura familiar além do necessário para obter o Selo Social. Para receber o selo, concedido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o produtor de biodiesel precisa comprar uma parte da matéria-prima (que varia conforme a região do País) da agricultura familiar. O deputado Frei Sérgio Görgen (PT) - ligado à Via Campesina - disse que são poucos os grandes produtores ligados ao projeto.
Para obter matéria-prima, as cooperativas estimam que serão necessários 120 mil hectares cultivados com oleaginosas na região norte (Cooperbio) e 105 mil hectares no sul (Biopampa). Além de soja, mamona, girassol, amendoim e canola também devem ser cultivados. As duas cooperativas calculam que aproximadamente 75 mil famílias irão fornecer a matéria-prima. Na região sul, o Frigorífico Mercosul vai avaliar a participação como fornecedor de gordura animal (sebo) para as esmagadoras de óleo. A Petrobras prevê capacidade para 100 mil toneladas por ano de biodiesel em cada usina.
Com estes dois projetos e outras três usinas de biodiesel previstas para operar no Rio Grande do Sul, Sauer estimou que o Estado será superavitário na oferta do combustível e poderá fornecer para exportação. Além destes, a Petrobras tem projetos para três usinas de biodiesel em Montes Claros (MG), Quixadá (CE) e Candeias (BA), cujos contratos de construção devem ser aprovados nos próximos dias pela diretoria da estatal. "O objetivo da Petrobras é se tornar líder em produção de biodiesel", lembrou Sauer.
A estatal assina nesta segunda e terça-feira memorandos com as cooperativas Cooperbio (Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil), em Palmeira das Missões, e Biopampa (Cooperativa de Biocombustíveis da Região do Pampa Gaúcho), em Bagé. Sauer disse que agora começa a fase conceitual dos projetos. A construção das usinas deve levar cerca de 13 meses.
Além dos acordos para a produção de biodiesel, a Petrobras também assina na tarde desta segunda contrato com a Cooperbio que prevê o teste prático de um novo modelo para produção de álcool, a partir da agricultura familiar. A estatal irá aplicar R$ 2,3 milhões no projeto, contratando a Cooperbio em conjunto com as Universidades Regional Integrada do Alto Uruguai (URI) e Federal de Santa Maria (UFSM) para demonstrar a viabilidade de produzir 5 mil litros por dia em Vista Alegre (RS), a partir de dez pequenas destilarias que usem cana-de-açúcar e outros alimentos (batata doce e mandioca).
A cooperativa avalia que será possível produzir álcool mais barato que em São Paulo, por R$ 0,70/litro. Será preciso contar com 400 hectares de cana para abastecer as destilarias, uma cultura que não tem produção comercial no Estado. "Estamos resgatando esta atividade", comentou Sauer, sobre o fato de o projeto incentivar a produção com finalidade econômica. Parte da cana será usada na alimentação do gado e o bagaço, como fertilizante. Por isso, os subprodutos da usina retornam para os agricultores.
Estadão
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