A indústria brasileira de máquinas e equipamentos sofreu novo revés em outubro, após dois meses de recuperação. O faturamento caiu 10% na comparação com setembro e fez a associação nacional do setor rever as previsões para a retração no ano, de 15% para 20%.
"A queda [em outubro] mostra a fragilidade dessa recuperação. Com isso, o ano deve fechar pior do que a gente imaginava", disse Carlos Pastoriza, vice-presidente da Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos).
De acordo com Pastoriza, a grande influência para a retração no mês passado foi o segmento de bens sob encomenda, que registrou queda de 36,2% no faturamento no período.
"O setor ainda estava faturando com pedidos feitos antes da crise", disse, explicando que o segmento opera com entregas de longo prazo. "Houve um buraco de encomendas entre setembro, mês que marcou o início da crise, e julho deste ano, quando começou a recuperação. E isso está aparecendo no faturamento agora."
Ele ressaltou, porém, que os pedidos já voltaram a ser feitos, e que o segmento deve demonstrar recuperação nos próximos meses. O setor de máquinas para plástico também teve queda expressiva em outubro, de 35,9%.
A Abimaq informou também que a carteira de pedidos do setor registra, no ano, queda média de 3,1%.
Emprego
Mas, enquanto o faturamento ainda patina, a recuperação do emprego parece ter se firmado. O número de empregados no setor de máquinas e equipamentos teve leve alta, de 0,1%, no mês passado ante setembro, a terceira consecutiva. "Parece que o emprego já atingiu o fundo do poço, e agora cresce timidamente", disse Pastoriza.
Entre outubro de 2008 e o mesmo mês deste ano o setor acumula perda de 17.132 empregados, ou 6,8%. Nos últimos três meses, houve uma recuperação de 2.890 postos de trabalho.
A utilização da capacidade instalada, que mensura o uso de máquinas e equipamentos nas indústrias, ficou em 81,77% em outubro, queda de 0,6% ante setembro (82,28%) e de 5,1% frente ao mesmo mês de 2008 (86,17%).
Financiamento
O diretor de financiamentos da Abimaq, Carlos Nogueira, afirmou que o setor está negociando com o governo a prorrogação das condições facilitadas de financiamento para bens de capital, que vão até dezembro ou até que os empréstimos atinjam R$ 44 bilhões.
"O pleito real é que seja eterno [o programa]. Nós temos que ter condições de financiamento sempre, como acontece em outros países", disse. De acordo com Nogueira, os financiamentos de máquinas e equipamentos pelo programa do BNDES chegaram a R$ 25 bilhões entre setembro e outubro.
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