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Estudo explica gene da intoxicação por álcool

14 Jan 2010 - 15h56Por Folha de São Paulo

 
Uma síndrome genética que afeta 10% da população mundial --a susceptibilidade à intoxicação por álcool, que deixa as pessoas com a face vermelha ganhou uma esperança de cura.

Um grupo de pesquisadores americanos anunciou ontem ter identificado o mecanismo por trás do problema e mostrou como uma molécula sintética pode reverter o processo.

A mutação que dá origem à síndrome é mais comum em indivíduos de origem asiática (cerca de 40% dessa população) e tem consequências que vão além de bochechas ruborizadas, explicam os autores do trabalho.

Portadores do problema têm deficiência na produção de uma enzima que ajuda a quebrar e eliminar as toxinas que o etanol gera dentro do organismo. Eles estão sob maior risco de câncer no esôfago.

Mesmo em pessoas que não consomem álcool, a anomalia que a síndrome produz as torna mais vulneráveis a mal de Alzheimer e infarto do miocárdio. Isso ocorre porque o processo metabólico que é afetado em portadores da mutação também é responsável por limpar toxinas que surgem quando há falta de oxigênio no organismo.

O novo estudo, publicado na revista "Nature Structural and Molecular Biology", descreve o que está por trás do rubor etílico que, na cultura popular, é atribuído apenas a uma fraqueza genérica para bebidas.

Túnel molecular
A enzima afetada pela mutação que o grupo descreve é a ALDH2. Seu papel no organismo é limpar o acetaldeído, uma das toxinas que se acumulam no corpo quando bebemos álcool. Nos indivíduos com a síndrome, a molécula de ALDH2 é produzida incorretamente e não dá conta do serviço.

"Por causa da mutação no gene, partes da proteína ficam soltas e maleáveis", explica Thomas Hurley, bioquímico da Universidade de Indiana que liderou o estudo, num comunicado à imprensa.

No trabalho, ele e seus colegas mostram como uma molécula sintetizada por eles, batizada de Alda-1, foi capaz de consertar a enzima disfuncional em experimentos.

A Alda-1 tinha sido descoberta por Hurley e outros cientistas em 2008, usando uma técnica de pesquisa de "força-bruta", chamada high-throughput screening, usada por grandes indústrias farmacêuticas.

Ela consiste em um sistema robótico que testa automaticamente a ação de milhões de compostos sobre uma dada molécula.

Com essa estratégia, Hurley e Che-Hong Chen, da Universidade de Stanford, chegaram à Alda-1. A molécula foi então testada com sucesso em camundongos portadores da versão mutante da ALDH2, e teve algum sucesso.

Os cientistas não estavam conseguindo aprimorar o fármaco, porém, porque não sabiam como ele agia. Esse vazio de informação foi preenchido agora com o estudo de Hurley descrevendo a estrutura e o modo de ação das moléculas envolvidas no processo.

Segundo o trabalho, a estrutura da ALDH2 tem uma espécie de túnel onde as toxinas entram e são decompostas. Na versão anômala da enzima, porém, essa passagem fica bloqueada. Hurley diz que a descoberta crucial crucial. "Isso levará à modificação da Alda-1 para melhorar sua potência", diz.

Testes clínicos
O estudo publicado ontem é assinado também por Kenneth Warren, cientista da unidade dos NIH (Institutos Nacionais de Saúde) responsável por pesquisar o consumo de álcool nos EUA.

"Esperamos ver mais pesquisas que ajudem a traduzir essas descobertas de laboratório para possíveis tratamentos em pessoas", afirma o pesquisador. "Essa descoberta intrigante pode ter implicações amplas de saúde pública."

Segundo Thomas Hurley, moléculas derivadas da Alda-1 podem estar disponíveis para testes clínicos em humanos até o meio deste ano.

Contrapartida
A versão mutante do gene da enzima ALDH2 aumenta o risco para várias doenças, mas tem um lado positivo: ela reduz a incidência de dependência de álcool entre seus portadores.
Num estudo realizado em 1995 com 450 homens japoneses, indivíduos não dependentes mostraram probabilidade maior de apresentar a anomalia.

Alguns cientistas dizem crer que a maior vulnerabilidade à intoxicação etílica desencoraje portadores da mutação a beber.

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