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Brasil

Comitivas são a "saída" para salvar rebanho da cheia no Pantanal

Transportar o gado ilhado pelas chuvas na região do Pantanal custa R$ 600 por dia ao produtor

9 Abr 2011 - 07h10Por Correio do Estado

Transportar o gado ilhado pelas chuvas na região do Pantanal custa R$ 600 por dia ao produtor. Sorte de quem tem comitiva pronta e animais sadios. A dificuldade, no entanto, não esbarra somente no custo, mas na falta de mão de obra, escassa em Mato Grosso do Sul. A cheia e a falta de alimentação natural prejudicaram até a prenhez das matrizes, conforme relatou ontem o presidente do Sindicato Rural de Aquidauana, Timóteo Proença.
“Teve dia em que eu fiquei quase doido”, diz Timóteo. Ele estima uma perda de cerca de quinhentas cabeças na região do Rio Negro. Não quer arriscar ainda o cálculo geral.  “Os bois arrepiaram, comeram até caraguatá e casca de pau”, lamentou. Animais que nadaram muito morreram exaustos, à míngua nos capões, onde se “acovardam”, segundo o linguajar pantaneiro. Vacas paridas também morreram. “Sobreviveram apenas os mais resistentes”, disse Proença.

Mais prejuízo
A recomposição do capim demora 90 dias e se o frio ocorrer em maio será mais um golpe. Ou seja, vêm mais prejuízos à frente. Na quarta-feira (6), enquanto alguns pecuaristas disputavam espaço nas pastagens mais próximas às sedes dos municípios, o sindicato pleiteava recursos junto ao Banco do Brasil para cobrir despesas com o transporte do gado, entretanto, ainda não está disponível uma linha de crédito específica para atender a essa necessidade. O próprio decreto de emergência em Aquidauana só foi publicado na semana passada.

“Pessoalmente, procurei a agência disposto a tomar um financiamento com juros e correção monetária, para garantir a saída de pelo menos dois mil bois”, queixou-se o criador Nildo Alves, ex-prefeito de Anastácio.

Sem pessoal
A retirada do gado das fazendas do Pantanal do Nabileque custa R$ 15 por cabeça, mais o aluguel do pasto, o sal mineral a R$ 40 o saco e o custo da comitiva, este avaliado em R$ 600 por dia. Sem alternativa, fazendeiros estão buscando comitivas em Nioaque e Jardim. “Aqui não temos gente suficiente para retirar o gado do Nabileque”, garantiu Alves.

Boiada percorre cerca de 18 quilômetros por dia

Conduzir boiada é, sobretudo, o exercício da paciência: são apenas 18 quilômetros percorridos por dia e não adianta apressar, pois os animais encontram pastos viçosos nas margens das cercas de arame das propriedades, comem e ruminam o tempo todo. É preciso deixá-los assim. Imagine-se a marcha da comitiva e dos animais pelos quase 500 quilômetros entre a Fazenda Quero-Quero, no Pantanal do Nabileque, de onde saíram e as pastagens da Fazenda Trevo, em Anastácio.

Sem saber explicar o fenômeno, o chefe dos tropeiros, José da Costa Pinto, 67 anos, conta que o Rio Nabileque tem água represada à altura de um lugar conhecido por Pacu. “Como dizem os antigos pantaneiros, alguma coisa aconteceu”, ele comenta.

O gado pertencente a fazendeiros prevenidos está saindo das fazendas há mais de um mês. Criadores mais novos, ainda não habituados a ter essa preocupação, são surpreendidos pelo pior.

Com chuva à noite e madrugada adentro, a comitiva com 296 animais vindos da Fazenda Quero-Quero não tem como seguir seu destino até a Fazenda Trevo, em Anastácio. Homens e animais encharcados de água esperavam amanhecer o dia. Essa “chuva grande”, conforme ele diz, ocorreu uma única vez durante 27 dias de viagem contados até a tarde de ontem.
Sacrifício? – perguntamos. “Não, eu digo que é um pouco sofrido, mas divertido”.

Ao meio-dia de quarta-feira (6) Antonio Silva Santos, João dos Santos e Roberto Santos ouvem um velho rádio de pilhas e fecham as broacas onde são transportados os alimentos: arroz de carreteiro, macarrão com carne, feijão, farinha e rapadura. Mais atrás, José da Costa e Marcos Pereira Leite cuidam do único touro nelore que manca da perna traseira direta. “Se Deus quiser, estamos com a ideia de chegar depois de amanhã (hoje)”, diz José.

A comitiva interrompe o percurso apenas duas vezes ao dia: no almoço e na janta, após o que pousa em qualquer lugar. Mais três comitivas deixarão as fazendas Quero-Quero e Ponto Alto a partir da próxima semana. Um mês de comitiva custa ao fazendeiro R$ 18 mil. (MC)

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