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Um pedido de socorro, automutilação entre adolescentes requer atenção em Nova Andradina

Matéria especial produzida pelo Nova News traz o drama de uma jovem hoje com 18 anos que vivenciou o problema

26 Out 2018 - 13h19Por Nova News

Um problema grave, que dificilmente vem à tona, requer atenção em Nova Andradina. Trata-se da automutilação entre adolescentes que pode ser considerado um pedido de socorro para evitar o estopim do suicídio.

Matéria de destaque hoje do Nova News, o assunto foi colocado em discussão durante uma entrevista recente com a psicóloga Sonia Cristina Rodrigues do Amaral, subsecretária municipal de Políticas e Assistência Social, que na ocasião abordou a problemática de suicídios no município e a importância de debater o assunto para evitar a disseminação de novos casos.

Aprofundando o assunto, a reportagem traz hoje o depoimento de uma jovem, hoje com 18 anos de idade, que viveu o drama. Maria, nome fictício, é o nome da entrevistada que prefere não se identificar e quer servir apenas como um exemplo de superação ao se ver livre do difícil problema que enfrentara.

Ao detalhar como tudo começou, a jovem relatou que no início do ano passado passou a apresentar indícios de depressão. No começo, segundo Maria, ela achava que fosse apenas um momento triste que está vivenciado e pensava que “logo vai passar”.

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Problema é extremamente em Nova Andradina com grande número de adolescentes que se automutilam – Foto: Divulgação

Os dias de tristeza persistiram por semanas até o ponto da automutilação se fazer presente habitualmente no seu dia a dia. “Me sentindo mais deprimida a cada dia, eu não sei ao certo o que aconteceu, quando eu fui ver já estava distante de todos, só ficava isolada, chorava o tempo todo e depois eu comecei a me cortar, fugir de casa, e foi aí que meus pais perceberam que tinha algo errado e ficaram realmente preocupados”, desabafa a jovem.

Perdendo a conta das vezes que se cortou, Maria diz que na primeira vez todos perceberam por serem nos braços as visíveis lesões praticadas, justamente na época que estava aparecendo o jogo ‘baleia azul’, e as pessoas achavam que ela estava participando sem se darem conta da severa depressão que estava vivendo.

 

Guardar tudo para si dói, nem sempre a gente consegue resolver tudo sozinho!

Maria, nome fictício, a entrevistada que viveu o problema da automutilação

Cheia de dúvidas comuns na adolescência, ela relata que vários fatores levaram a desencadear o quadro depressivo. Um das situações, segundo a jovem, era o fato de desavenças familiares, principalmente com o pai. “Eu não sei bem, mas eu sentia que minha família não gostava de mim, que eu era como um peso para meus pais por sempre estarem reclamando sem importar o que eu fazia”, pontua Maria.

Além dos problemas dentro de casa, Maria também recorda de questões ocorridas na escola. “Minhas notas estavam caindo muito, eu sentia que as pessoas estavam se distanciando de mim, e que eu já não tinha ninguém que eu podia contar e falar o que eu estava sentindo”, conta a jovem.

Sem antes aceitar a sua condição, a jovem relata que a orientação sexual que descobriu mais tarde seria um dos motivos para a falta de entendimento com a família. “Eu não sabia até então qual era a minha orientação sexual, embora na época me identificasse como hetero, e meus pais sempre disseram que eu seria lésbica. Particularmente, eu mesma não me aceitava no começo”.

 

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Principais lesões são nos braços, barriga e parte inferior da coxa - Foto: Divulgação

O início do tratamento

A tempo de evitar o pior, a tão esperava ajuda como um pedido de socorro sem entender o que de fato estava acontecendo chegou para Maria. Diante da situação dramática vivenciada pela filha, os pais a levaram a vários psicólogos e também foi avaliada por um psiquiatra que a diagnosticou com depressão psicótica. “Acho que passei por uns quatro psicólogos até passar pelo psiquiatra que acusou a minha doença. Fiquei seis meses tomando uns remédios que aliviavam os sintomas e hoje em dia eu só tomo um mesmo, pois ainda tenho depressão, mas que está mais fraca. Às vezes ainda tenho umas crises, mas nada comparado como antes”, salienta a jovem.

A autodescoberta

Como uma reviravolta que hoje a torna uma pessoa feliz, a autodescoberta de Maria quando aceitou sua condição sexual abriu caminho para um relacionamento hoje vivido com a namorada de 17 anos.

“Estamos juntas há cinco meses, mas nos conhecemos há muito mais tempo. A gente se conheceu na escola e depois que ela chegou tudo melhorou. Nós temos um relacionamento muito bom e eu pensei que seria difícil contar para minha família, mas eles meio que já sabiam e quando eu contei não tive muitos problemas em relação a preconceito, hoje em dia ela se dá super bem com minha família, eles a adoram”, enfatiza Maria.

Ao fim da entrevista, Maria deixa uma mensagem às pessoas que se veem diante do mesmo problema e diz que a melhor saída é ter onde recorrer. “Acredito que o melhor a se fazer é conversar, desabafar com alguém próximo, algum familiar, e a pessoa vai tentar te ajudar de alguma forma. Guardar tudo para si dói, nem sempre a gente consegue resolver tudo sozinho, então se você está passando por qualquer dificuldade que seja, converse, por mais que pareça, você nunca está sozinho”, relata.

 

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Psicóloga explica como automutilação ocorre – Foto: Luciene Carvalho/Nova News

Um pedido de socorro

Conforme explica a psicóloga Sonia Cristina Rodrigues do Amaral, o problema da automutilação costuma ser enxergado como um pedido de socorro ao ser trabalhado com duas linhas. Na primeira, vinculada ao suicídio, o adolescente passa a viver uma enorme dor emocional e não consegue forças para sair quando, sem ter onde recorrer, chega ao ponto de tirar a própria vida.

A segunda linha, não vinculada ao suicídio, é caracterizada pela prática que pode se tornar uma dependência química. “Quando a pessoa se corta, ela corta produz uma substância chamada endorfina em que a dor física alivia a dor emocional. Desta vez, toda vez que ela se sente mal tende a se cortar e passar a fazer ainda com mais frequência, aumentando ainda a densidade dos cortes e podendo causar o suicídio involuntário quando os cortes são letais”, ressalta a especialista.

Envolvendo adolescentes de todas as camadas sociais, a psicóloga diz que a automutilação é um drama presente em Nova Andradina. “Em uma ação realizada em escolas da rede de ensino do município, chegamos à conclusão que existem dezenas de alunos que estavam se automutilando ou que conheciam que pratica ou praticou o ato em algum momento da vida”, frisa Sonia ao relatar que os cortes costumam ocorrer nos braços, barriga e parte inferior da coxa, cujos lugares são facilmente encobertos, e praticados por giletes, pontas de caneta ou lápis, metal cortante, faca, entre outros, em que até desenhos são feitos como espécie de tatuagens.

A automutilação, para a especialista, trata-se de um problema extremamente preocupante no município e que requer atenção dos pais e a sociedade como um todo. “Hoje em dia, pelo que se vê, os adolescentes não sabem lidar com a dor psicológica ao não saber tolerar frustrações e até em não saber ouvir um ‘não’. O ato de ser cortar chega a ser um comportamento coletivo em uma fase da vida da pessoa melhor se autoconhecer”, explica.

Uma válvula de escape para o alívio das angústias emocionais, Sonia enfatiza que entre os agravantes mais comuns para a automutilação está o bullyng na escola, problemas de sexualidade e rejeição familiar. “Para tratar o problema, o primeiro passo é entender a motivação. Se a motivação for mais simples ou um problema situacional, o caminho a ser seguido é encontrar uma forma saudável de lidar com essa dor. Já se for questões externas, o foco deverá consistir em trabalhar na raiz do problema entre todas as partes envolvidas e, no caso de depressão ou outras doenças emocionais, precisa entrar com medicação”, salienta Sônia.

“Diante do cenário visto em Nova Andradina, algo precisa ser feito. Não podemos permitir que nossos adolescentes se percam em caminhos que podem não ter volta. Cada um que pratica o ato ou conhece que o faça, precisa entender que isso não pode continuar e existe cura e tratamento”, destacou a psicóloga e subsecretária em mais uma entrevista ao Nova News.

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