Uma molécula extraída do veneno do marimbondo-estrela (Polybia occidentalis) pode se tornar um analgésico mais potente do que a morfina. A descoberta saiu do trabalho de biólogos da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto que testaram em ratos o composto produzido pelo inseto.
Um estudo descrevendo o efeito da molécula isolada pelos cientistas já saiu na edição de junho do periódico "British Journal of Pharmacology" (www.nature.com/bjp). Batizada com a sigla T6Bk, a substância é um peptídeo (fragmento de proteína). Seu poder analgésico nos testes foi duas vezes maior que o da morfina.
"A substância [T6Bk] já era conhecida, mas identificamos a intervenção positiva no sistema nervoso central", disse Wagner Ferreira dos Santos, professor do Departamento de Biologia da USP de Ribeirão e orientador de Márcia Mortari, que pesquisou a substância em sua tese de doutorado. "É um resultado extremamente promissor no controle da dor."
Para comprovar a eficiência do T6Bk, Mortari fez testes para medir quanto calor os ratos suportavam quando estavam sob efeito da molécula. A uma temperatura de 55 C na cauda, o tempo esperado para o animal suportar a dor sem a droga era de até 3,5 segundos. Com a aplicação do T6Bk e da morfina, os animais agüentavam até 30 segundos. A diferença é que a dose do peptídeo do inseto foi menos que a metade da quantidade usada de morfina.
Antes de a molécula ser testada em humanos, porém, é preciso saber se seus efeitos colaterais não são piores que o da morfina, que causa dependência. "O próximo passo é estudar como a substância atua no sistema nervoso", diz Santos. "É trabalho para cinco, dez anos."
Folha Online
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