Em 19 de junho, às 15h45, Pires teve uma audiência de 40 minutos com o ministro da Defesa da França, Hervé Morin. Terra Magazine apurou que o acordo viabiliza a troca de informações militares e a aquisição gradual de tecnologia para a construção de um submarino nuclear.
Há em jogo três tecnologias possíveis: a francesa, a americana e a russa (a chinesa está fora de mercado).
O Brasil é capaz de enriquecer urânio, mas precisa desenvolver pesquisas para a construção do casco que suporte baixas profundidades. Os submarinos brasileiros são convencionais, de tecnologia alemã, sem propulsão atômica.
As negociações nesse caminho foram aprofundadas depois da visita do ex-presidente Jacques Chirac ao Brasil, em maio de 2006. Então, a ministra francesa Michèle Alliot-Marie participou de uma reunião no ministério da Defesa. Pires retribuiu a visita, em Paris. Não é, portanto, fruto de simpatia pessoal ou obra do acaso o recente gesto presidente francês, Nicolas Sarkozy. Recém-eleito, Sarkozy defendeu a entrada do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A fronteira do Brasil com a Guiana Francesa, departamento ultramarino, amplia o interesse da França nas cooperações militares no Atlântico Sul.
Em 10 de julho, no Centro Experimental de Aramar, em Iperó (SP), Lula anunciou a liberação de R$ 1,04 bilhão, em oito anos, para o programa de enriquecimento de urânio em escala industrial, atendendo a parte das queixas dos militares.
Velha reivindicação do comando da Marinha para a defesa do território marítimo brasileiro, a populsão nuclear aumenta a autonomia do submarino. O modelo convencional obriga a subida à superfície em até 72 horas. O modelo nuclear pode ficar submerso durante meses, o que amplia a segurança do monitoramento das plataformas marítimas.
Defesa marinha
Em junho, depois do ato de assinatura, o então ministro Waldir Pires declarou que "a intenção é finalizar em breve a negociação do acordo de cooperação de Defesa e estatuto das Forças Armadas dos dois países, intensificando o diálogo sobre temas de interesse comum em matéria de altas tecnologias".
Procurada, a assessoria do ministério da Defesa não forneceu uma cópia do acordo porque seu conteúdo ainda não é público. Como acordo de intenções, não representa uma posição definitiva, mas aponta a direção dos ventos na aquisição da tecnologia necessária para o avanço do projeto brasileiro do submarino de propulsão atômica.
Terra Redação
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