"Em um memorando que parece ser do subsecretário de Defesa, Douglas Faith, para (o secretário de Defesa Donald) Rumsfeld, datado de 20 de setembro, o autor expressa decepção com as opções limitadas (de alvos) disponíveis no Afeganistão e a falta de opções para uma operação em terra", diz o documento da comissão.
"O autor sugeriu que os terroristas fossem atacados fora do Oriente Médio, na ofensiva inicial, possivelmente selecionando um alvo não ligado à Al-Qaeda, como o Iraque", revela o relatório. "Como ataques dos Estados Unidos eram esperados no Afeganistão, uma ação na América do Sul ou no Sudeste Asiático poderia surpreender os terroristas", diz o relatório.
A comissão observa, no entanto, que "o memorando pode nunca ter sido visto por Rumsfeld ou poderia ser apenas um rascunho com sugestões para o secretário apresentar ao presidente".
Brasil
O relatório da comissão não traz o texto completo do memorando - que continua secreto - e não faz nenhuma referência a alvos específicos. Mas na edição desta semana, a revista americana Newsweek diz que os autores da proposta argumentavam que "um ataque a terrorista na América do Sul - por exemplo na remota fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, onde relatórios dos serviços de inteligência dizem que o Hezbollah tinha presença - teria um efeito cascata em outras operações terroristas".
O Brasil é citado duas vezes no relatório da comissão, devido à visita feita ao país por Khalid Sheikh Mohammed. Mohammed foi capturado pelos americanos no ano passado e é acusado de ter sido o mentor, dentro da Al-Qaeda, dos ataques de 11 de setembro de 2001.
"Khalid Sheik Mohammed continuou a viajar pelo mundo fazendo contatos com a comunidade jihadista mundial depois da prisão de Ramzi Youssef (condenado pelo atentado ao World Trade Center de 1993), visitando o Sudão, o Iemem, a Malásia e o Brasil, em 1995. Não há nenhum indicação clara que ligue ele a atividades terroristas nestes locais", diz o relatório no capítulo 5 - A Al-Qaeda mirando o território americano.
"Enquanto no Sudão, Mohammed não teria conseguido atingir seu objetivo de se encontrar com Bin Laden, mas se encontrou com Mohammed Atef (um dos chefes militares da Al-Qaeda), que lhe passou um contato no Brasil", diz o relatório. Numa nota de rodapé, a comissão diz que Mohammed confirmou, ao ser interrogado, que "entre 1993 e 1996, viajou para a China, as Filipinas, o Paquistão, a Bósnia (pela segunda vez), o Brasil, o Sudão e a Malásia".
BBC Brasil
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