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Amor à Vida: especialistas apontam oito erros médicos da novela das 9

27 Jan 2014 - 18h00

Desde maio de 2013, alguns dos assuntos que mais têm caído na boca dos brasileiros são doenças. Tudo por causa da novela Amor à Vida, escrita por Walcyr Carrasco e exibida na Rede Globo no horário das 21h. A trama se passa em grande parte do tempo dentro de um hospital em São Paulo, o San Magno, e grande parte dos personagens são médicos, enfermeiros ou mesmo executivos dessa instituição.

E com tantas cenas passadas dentro do ambiente hospitalar, diversas questões de saúde foram citadas, como lúpus, câncer, AIDS, cegueira, adoção de dietas não saudáveis, entre outros... Porém, muitas vezes em nome do enredo, algumas informações a respeito de doenças acabam não retratando fielmente a realidade, ou passando uma impressão errônea. Por isso, separamos alguns deslizes e até mesmo erros médicos mostrados na novela.

César (Antônio Fagundes) examina o rosto de Paulinha (Klara Castanho) - Crédito: Globo/Divulgação

O lúpus da Paulinha

A personagem Paulinha (Klara Castanho) foi diagnosticada com lúpus, doença autoimune que ataca pele, as articulações, os rins, o cérebro e outros órgãos, normalmente a doença é caracterizada por manchas na pele e dores e edemas nas articulações. Quando ela foi diagnosticada, o quadro estava descontrolado e ela logo teve que fazer um transplante de fígado. Porém, de acordo com a reumatologista Ieda Laurindo, do Hospital das Clínicas, um transplante não seria necessário. "O lúpus acomete o fígado com certa frequência (cerca de 20 a 50% dos casos), mas de forma subclínica, ou seja, aparecem alterações nos exames do fígado, apenas nas enzimas que ele produz, mas o paciente não apresenta sintomas", explica a especialista. "Não há na literatura médica casos de transplante de fígado devido ao lúpus, apenas um caso de uma criança, que tinha também uma hepatite autoimune associada, o que justifica o procedimento", conclui a reumatologista.

O autismo da Linda

A personagem Linda (Bruna Linzmeyer) tem sido importante para mostrar na novela como o autista pode ter possibilidades como qualquer outra pessoa. O problema é que a novela não levou em consideração que existem graus de autismo, e a personagem não parece se encaixar em muitos deles. "Ao que parece, o grau de habilidade de lidar com situações e linguagem da personagem muda conforme as cenas: em algumas ela parece ter um desenvolvimento muito atrasado, em outras parece mais avançado e, depois ela volta a ficar como antes. Não é assim que um autista se desenvolve", avalia a psicóloga Ana Arantes, mestre em Educação Especial e doutora em Comportamento e Cognição.

Pelo histórico da personagem, que nunca foi à escola e também foi educada rigidamente pela mãe, sem oportunidades de se desenvolver, seria muito difícil ela de repente se desenvolver e progredir. "Poderia-se dizer que Linda, partindo de um estágio de autismo moderado-grave, rapidamente queimou etapas chegando ao final da novela como autista leve, algo que é ilusório", comenta a psiquiatra Evelyn Vinocur, pós-graduada em pediatria e especialista em psiquiatria clínica.

No geral, é importante que o autista seja diagnosticado o mais cedo possível, para que com o tratamento adequado ele seja estimulado de forma correta, de acordo com o grau de seu quadro, e possa ser inserido na sociedade. "O cuidado é multidisciplinar, e envolve desde psicólogos e psiquiatras até fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas", considera a psicóloga Ana. Com isso, o autista pode frequentar a escola, aprender coisas novas e conviver com outras pessoas.

Outra questão que a novela polemizou foi a questão de relacionamentos para autistas, já que Linda está vivendo uma história de amor com o advogado Rafael (Rainer Cadete). Quem tem grau leve de autismo pode sim lidar bem com a sexualidade e romance. Porém não é possível determinar o grau de Linda, tudo indica que ela tenha um grau severo de autismo, e isso inviabilizaria qualquer chance de um romance acontecer. 

Fertilização in vitro de Niko, Eron e Amarilys

O casal gay Niko (Thiago Fragoso) e Eron (Marcelo Anthony), sonhava em ter um filho. Eles decidiram fazer uma fertilização in vitro, mas alguém precisava gestar a criança. Niko então chamou sua amiga de infância Amarilys (Danielle Winits) para ser a barriga solidária. O problema é que as leis para esse tipo procedimento são muito rígidas. "O útero de substituição ou 'barriga solidária' é autorizado para parentes de até quarto grau, e em situações que não há tal parente, é obrigatória uma autorização ao Conselho Regional de Medicina (CRM)", expõe o ginecologista e obstetra Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana. De acordo com a resolução CFM Nº 2013/2013, podem gestar a criança apenas a mãe, irmãs, tias, avós ou primas de um dos membros do casal. E, ao que parece, não houve nenhuma espera de notificação ao CRM antes de Amarilys receber o primeiro óvulo.

Outro erro grave feito na novela foi o uso dos óvulos de Amarilys, mas isso realmente foi feito ilegalmente pela personagem, em parceria com o médico. "É estabelecido que se usem óvulos de uma doadora anônima, para não haver brigas sobre a maternidade ao fim do processo", ensina Massaguer. O que realmente aconteceu na novela, já que Amarilys quis alegar que o filho era dela. 

Linfoma de Hodgkin da Nicole

Logo no inicio da trama, a personagem Nicole (Marina Ruy Barbosa) começou a apresentar manchas na pele e a se tratar com um oncologista. A aposta dos telespectadores foi de que ela tivesse um câncer de pele, mas ela foi diagnosticada com linfoma de Hodgkin, tumor que se localiza nos glânglios linfáticos, como os presentes no pescoço. É raro, mas o problema pode sim se manifestar na pele. "Mas para atingir a pele com manchas, teria que ser um fase bem avançada do tumor", pondera o oncologista clínico Vladimir Cordeiro de Lima, do AC Camargo Cancer Center. Na vida real, antes de chegar nessa fase o paciente já teria mostrado outros sinais clássicos da doença que iriam inclusive permitir o diagnóstico precoce. "O normal é o paciente apresentar sintomas mais comuns como o inchaço do glânglios linfático em 70% dos casos, e pode ter também perda de peso, sudorese excessiva, febre persistente, fadiga, entre outros sintomas", explica o oncologista.

Mas a parte mais grave foi o prognóstico do médico de que Nicole teria pouco mais do que seis meses de vida, passando uma ideia errônea sobre as chances de cura desse tipo de câncer. O linfoma de Hodgkin é considerado um dos tipos mais curáveis de câncer, principalmente se for diagnosticado e tratado a tempo. Diferentemente de outros tipos de câncer, a doença de Hodgkin muitas vezes pode ser curada mesmo em estágios mais avançados. "O linfoma de hodgkin tem agressividade intermediária, pois se desenvolve rapidamente, mas seu prognóstico na maioria dos casos é favorável: a taxa de cura é muito alta", considera o especialista. Porém, não foi isso que ocorreu com a personagem, já que ela faleceu em decorrência do tumor algum tempo depois do diagnóstico.

Tratamento de choque aplicado em Paloma

Em meio às reviravoltas do enredo, a personagem Paloma (Paolla Oliveira) foi internada pelo próprio irmão Félix (Matheus Solano) em uma clínica psiquiátrica considerada mais radical. Ela foi falsamente diagnosticada, e a médica responsável pela instituição lhe receitou tratamento com choques elétricos, extremamente dolorosos (a cena foi marcada pelos gritos da personagem). De acordo com o psiquiatra Hewdy Lobo, diretor do Vida Mental, isso não retrata a realidade desse tipo de tratamento, chamado de eletroconvulsoterapia. "Quando possui indicação para ser realizado, esse procedimento ocorre em centro cirúrgico com a presença tanto do médico anestesista quanto do médico psiquiatra, que realiza a eletroconvulsoterapia", explica o especialista.

Normalmente ela é usada em pacientes que não podem usar medicamentos, como idosos em depressão grave, gestantes com problemas psíquicos, pacientes com psicoses... Também pode ser uma indicação quando a medicação não está trazendo resultados, e o paciente tem risco de suicídio, agressão ou desnutrição. "Jamais esta é uma conduta punitiva e sim médica, quando não há possibilidade de uso de medicações", ressalta. "Além disso, uma instituição de saúde que aplica choques elétricos aliados a doses de medicamentos cavalares da forma que foi aplicado à personagem certamente está indo contra a conduta médica adequada e atuando de forma criminosa", destaca o psiquiatra Hewdy Lobo. Na novela, nem a clínica nem os médicos receberam qualquer tipo de penalidade por atuar da forma que foi mostrado.

Câncer de mama da Silvia

A personagem Silvia (Carol Castro) foi diagnosticada com um câncer de mama, e encaminhada diretamente para uma mastectomia, ou seja, a retirada completa da mama. Até aí, um procedimento normal, dado que essa avaliação sempre depende do tamanho da mama e do tumor. Porém, após a cirurgia, nenhum outro tratamento foi feito. "Na maioria dos casos é preciso fazer um ou mais desses três tratamentos: quimioterapia, radioterapia ou hormonioterapia", explica o oncologista clínico Vladimir Cordeiro de Lima, do AC Camargo Cancer Center. De acordo com o médico, algumas pacientes podem não precisar de nenhum desses tratamentos, mas é muito raro. Porém, na trama não foi mostrado se a personagem foi analisada quanto a isso. 

O diabetes do César

O personagem César (Antônio Fagundes) ficou cego por algum tipo de intoxicação, e ao fazer um check-up para descobrirem a causa, foi diagnosticado um aumento na sua glicemia. Logo, ele foi diagnosticado com diabetes tipo 2, apesar de a causa não ter ficado exatamente clara. Por várias, foi debatido por alguns capítulos pelo personagem Lutero (Ary Fontoura) e a Paloma, respectivamente cirurgião e pediatra, o envio de um médico para aplicar insulina no paciente. Por fim, o médico foi enviado, mas acabou administrando um medicamento por injeção.

A novela começou tendo um deslize inicial, logo corrigido, pois a primeira opção para o tratamento do diabetes tipo 2 não é a insulina. Para contextualizar melhor, existem dois tipos de diabetes: o tipo 1 ocorre porque o pâncreas não produz insulina, por isso é necessário repor o hormônio, e o mais comum é que a pessoa desenvolva o problema até os 20 anos. "Já na maior parte dos diabéticos tipo 2 há apenas uma resistência a ação da insulina. Por isso, geralmente o tratamento do diabetes tipo 2 é iniciado com antidiabéticos orais", descreve a endocrinologista Denise Ludovico, da ADJ Diabetes Brasil. Além disso, nesse processo nenhum endocrinologista foi consultado. 

Parto da Luana (esposa do Bruno)

Dessa vez, o deslize foi justificado pelo enredo. No primeiro capítulo Luana (Gabriela Duarte), morreu no parto, em decorrência de eclampsia - quando ocorrem convulsões antes ou durante o parto, precedidas por sintomas como hipertensão arterial, durante a gravidez. A gestante já havia sido diagnosticada com a hipertensão ao longo da gravidez, mas sua obstetra Glauce (Leona Cavalli), não tinha consigo um cardiologista na equipe. "É importante uma equipe de retaguarda, pois se alguma complicação ocorrer, é importante termos uma UTI e equipe médica completa para atender esta gestante. Isto vale para qualquer mulher em pré-natal de alto risco", considera o ginecologista e obstetra Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana. Porém, a intenção da médica era justamente que Luana morresse no parto, pois ela estava apaixonada pelo marido da grávida, Bruno (Malvino Salvador). O segredo foi revelado ao longo da novela. 

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