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Brasil

Suplemento alimentar em excesso pode afetar órgãos vitais

22 Mai 2007 - 08h06

Parece mentira, mas suplementos alimentares com efedrina, cuja venda está proibida no Brasil, são facilmente adquiridos por aqui e nos mais diversos pontos-de-venda. Nos Estados Unidos, a FDA (agência norte-americana que regulamenta a produção de medicamentos e alimentos) alerta aos consumidores que não usem a substância. Conhecida por sua ação como acelerador de queima de calorias, a efedrina é vendida em lojas de suplemento alimentar, em academias de ginástica e pela internet --se bobear, até na clínica do acupunturista.

Segundo estudo divulgado pela Associação Médica Americana no início deste ano, a efedrina provocou a morte de cinco pessoas, outras cinco tiveram problemas cardíacos, 11 sofreram acidente vascular e quatro consumidores tiveram ataques de epilepsia. No esporte, seu uso é considerado doping.

E engana-se o consumidor de suplemento alimentar que se considera protegido pelo rótulo do produto. Muitos deles não indicam a presença de efedrina. "Você pode estar tomando sem saber", alerta a nutricionista Marcela Ferreira, do Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul). Ou, ainda, no caso dos importados, há embalagens sem informações em português, como manda a lei.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) alega que faz inspeções periódicas por amostragem e que não tem como verificar a totalidade dos produtos oferecidos no mercado. O órgão atua mediante denúncia por telefone ao Disque Saúde (tel. 0800-611997) ou feita às vigilâncias sanitárias estaduais e municipais, diz Antônia Aquino, gerente de produtos especiais da agência.

Anabolizantes no suplemento

E a bomba é ainda maior do que se imagina. A Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva denuncia a presença de anabolizantes esteróides em suplementos alimentares importados sem a devida indicação no rótulo. "Esses produtos estão sem controle e à venda para quem quiser comprar", diz o cardiologista e ex-presidente da sociedade Tales de Carvalho.

Para quem não sabe, os anabolizantes esteróides, cuja venda sem receita médica é proibida, prometem deixar o atleta "bombado". Porém trata-se de droga indicada apenas para mulheres na pós-menopausa com perda de massa óssea ou atrofia muscular progressiva. "Fora isso, são indicados para pessoas com desnutrição severa, provocada por doenças como hepatite crônica, câncer ou Aids", explica o professor de fisiologia do movimento Paulo Zogaib, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Acne é o efeito colateral mais leve da droga, que pode provocar de arritmia cardíaca a aumento do LDL (colesterol "ruim") e esterilidade.

Nem mesmo os produtos liberados para a venda são totalmente inofensivos quando consumidos aleatoriamente. Os suplementos alimentares devem ser usados com indicação específica e sob a orientação de um médico ou nutricionista, diz o especialista em medicina esportiva Turíbio Leite de Barros Neto, coordenador do Cemafe (Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte), da Unifesp.

Aos 18 anos de idade, o segurança Vagner Cavalcanti Valentim, 30, diz que procurou orientação em revistas especializadas sobre o suplemento que o deixaria "mais forte". "Comecei a usar hiperprotéicos com 2.000 calorias em cada dose. Tive diarréia logo no primeiro mês porque não estava acostumado. Diminuí a dosagem e consegui o efeito que queria", diz ele, que hoje mantém a forma física à base de sessões de musculação e do consumo de proteínas e aminoácidos.

"O nosso grande problema é a falta de profissionalismo no ramo. Tem muito cacareco no mercado que o pessoal toma sem indicação. Eu vendo saúde", diz Marcelo José Paulo, 33, proprietário de uma das lojas de suplementos alimentares visitadas pela reportagem.

O consumo indiscriminado e excessivo dos suplementos sobrecarrega os rins e o fígado, podendo provocar sérias lesões nesses órgãos e efeitos colaterais, como dor de cabeça e de estômago, náuseas, aumento da gordura total e localizada, insônia, taquicardia e retenção desordenada de líquidos.

Como se não bastassem os efeitos colaterais, especialistas dizem que os suplementos, para quem busca abdômen de "tanquinho" ou massa muscular, por exemplo, são balela. "Eles não acrescentam nada. Isso é um mito. Em geral, é para não serem usados, porque não há nenhuma comprovação científica de que os suplementos atuem com finalidade estética ou ergogênica", afirma Carvalho.

Uma alimentação saudável supre e atende a maior parte dos requisitos necessários para a prática de esportes. "Nenhuma grande modificação ocorre com o uso dessas substâncias", acrescenta o traumatologista e fisiologista Victor Matsudo, integrante da Comissão de Nutrição Esportiva do Comitê Olímpico Internacional (COI).

O engenheiro Rodolfo Paku, 46, é um exemplo de usuário responsável. "Sou viciado em corrida. Sempre que saio para correr, tomo carboidrato em gel", diz ele, que, antes de partir para as compras de suplemento, detectou, por meio de check-up, o quanto perdia de água durante a atividade física e os nutrientes que seu organismo mais necessitava.

Já a auxiliar administrativa Luciana Ferreira Braga, 25, que queria perder peso, mas não conseguia só com dietas e malhação, partiu para os queimadores de gordura. "Por indicação do meu marido, que é instrutor. Tinha 63 quilos e emagreci cinco, ficando com um corpo legal. Depois que parei, eu relaxei e acabei engordando dez quilos", lamenta.

Quase anabolizantes

Existe um grupo específico de suplemento que recebe um alerta dos especialistas. São os chamados pró-hormônios, caso do DHEA (dehidroepiandrostero na), que estimula a produção de testosterona pelo organismo.

"Os pró-hormônios causam uma "salada química" no organismo, chegando a ser responsáveis também por casos de ginecomastia (aumento das mamas masculinas)", diz Zogaib. São considerados precursores dos anabolizantes por terem a mesma base. Apesar disso, o consumo dos pró-hormônios ainda não foi proibido. "A pessoa acha que não está tomando anabolizantes, mas está", completa Zogaib.

Não há dados oficiais, mas os profissionais da área estimam que a faixa etária dos consumidores fica entre os 17 e os 35 anos, os quais, em sua maioria, frequentam academia.

"Uma pesquisa feita nos Estados Unidos apontou que 70% dos praticantes de atividades físicas tomam algum tipo de suplemento. A porcentagem aumenta para 100% entre os praticantes de musculação das academias. Acredito que os números são parecidos entre os brasileiros", diz Zogaib.

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