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Álcool acelera motor da economia em Mato Grosso do Sul

26 Jul 2007 - 04h25

Ao lado do ecoturismo no Pantanal - berço de grande parte do rebanho bovino - e das extensas lavouras de soja e milho, as plantações de cana-de-açúcar começam a ocupar áreas cada vez mais extensas em Mato Grosso do Sul.

Criado há 30 anos com o desmembramento do gigante Mato Grosso, Mato Grosso do Sul é conhecido pela posição no ranking das exportações de carne, mas, entre lutar pelo competitivo mercado, de rigorosas exigências sanitárias, e abastecer o tanque dos americanos, o estado quer se afirmar como potencial produtor de etanol. Investidores não faltam.

Em apenas um mês, empresários do setor sucro-alcooleiro e grandes investidores, como o presidente do Grupo Brasilinvest, Mário Garnero, aportaram em Mato Grosso do Sul para conhecer o potencial do estado, fazer prospecções e estabelecer parcerias.

No caso do Brasilinvest, o governador André Puccinelli discutiu a implantação de polo de agroenergia que prevê investimentos de quase meio bilhão de reais. O complexo será implantado em Maracaju, na região Sudoeste de Mato Grosso do Sul, de onde já saem, via rio Paraguai, 40% do acúcar consumido no Uruguai. O projeto anunciado por Mário Garnero deve estar totalmente implantado até 2009.

O Grupo Brasilinvest responde hoje por mais de US$ 3 bilhões em investimento no Brasil e 25 países. É um dos 150 maiores investidores do País. Na área de bioenergia, o empreendimento em Mato Grosso do Sul é o primeiro investimento do Grupo.

Situado entre os principais centros consumidores do País - São Paulo, Minas, Paraná -, MS quer ser o elo de integração física e econômica do Sudeste com o Centro-Oeste e Norte. Para superar esse desafio, o governo do Estado elegeu cinco prioridades na área de infra-estrutura e vai contar com a contribuição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) lançado pelo presidente Lula.

"Vamos superar as distâncias investindo mais em ferrovias, revitalizando os portos e melhorando a navegabilidade na hidrovia Paraná-Paraguai. Com a expansão do setor sucro-alcooleiro torna-se vital a construção de um poliduto, que conseguimos incluir no PAC", projeta o governador André Puccinelli.

Tecnologia

Para o governo de Mato Grosso do Sul, não basta a disponibilidade de terras para o cultivo da cana-de-açúcar. A inserção do estado no chamado 'clube do etanol', liderado por São Paulo, implica também em investimentos na pesquisa. Na velocidade que os investimentos são projetados, a equipe econômica do governador Puccinelli calcula que até 2012 a produção de cana no estado deve crescer 620%.

Diante dessa perspectiva, o governo também busca a transferência de tecnologia. A idéia é ganhar mais produtividade e ampliar o período da safra, concentrada nos meses de abril a novembro.

Segundo projeção do Conselho de Desenvolvimento Industrial da Secretaria de Estado da Produção, Comércio, Indústria e Turismo, até 2009 algo em torno de 710,5 mil hectares serão ocupados pela cultura canavieira. Até lá 31 novas usinas estarão operando em plena capacidade, com investimentos de R$ 4,5 bilhões. Nessa fase, essas agroindústrias terão capacidade de moagem de 56,4 milhões de toneladas/ano e produção de 11,3 milhões de toneladas de açúcar e mais de 2 bilhões de litros de álcool por ano.

Hoje MS tem 10 usinas em funcionamento. Das 31 destilarias projetadas. entre 10 e 15 devem se instalar ainda em 2007, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Açúcar e de Álcool de Mato Grosso do Sul, José Pessoa Queiroz Bisneto, um dos primeiros usineiros a investir no estado.

Incentivo fiscal

Além do incentivo fiscal, decreto promulgado pela Assembléia Legislativa autoriza o Poder Executivo a promover isenção total do ICMS durante 15 anos aos produtores que promoverem reflorestamento e plantação de cana-de-açúcar para abastecimento de usinas de álcool ou produção de açúcar. Para a secretária da Produção, Indústria, Comércio e Turismo, Tereza Cristina Corrêa da Costa, um aspecto importante da nova base econômica é a geração de emprego. O setor sucro-alcooleiro, que hoje emprega 15.074 pessoas, deve chegar a 43.238 postos de trabalho.

Agronegócio representa

um terço do PIB estadual

O agronegócio responde por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso do Sul. Constituindo-se no motor da economia, envolve 1,5 milhão de hectares de culturas temporárias, 16 milhões de hectares com pastagens cultivadas e 6 milhões de hectares de pastagens naturais.

Com 25 milhões de cabeças, o rebanho bovino ocupa a segunda posição em número de animais de corte no País e é, em sua grande maioria, criado a pasto. O estado é responsável pela produção de mais de 800 mil toneladas de carne, que corresponde a 13% de tudo que o Brasil produz e 52% da carne exportada pelo País.

Em MS, crescem também as unidades produtoras de frangos, suínos e avestruzes, com abate de cerca de 250 mil frangos por dia. Grande parte dessa produção é exportada para a Europa, Ásia e África. O estado também está entre os maiores exportadores mundiais de peixes criados em cativeiros e os principais produtores de grãos do país, com destaque para a soja.

Demanda mundial e

incentivos estimulam corrida

Cultura introduzida no Brasil durante a colonização portuguesa, a cana-de-açúcar retoma o fôlego e contabiliza aumentos sucessivos na produção anual. Essa evolução deve-se, em grande parte, ao aumento no consumo interno de álcool combustível e ao interesse mundial por fontes renováveis de energia. Isso tem estimulado os investidores a aproveitar os incentivos fiscais no Centro-Oeste. Em Mato Grosso do Sul esse incentivo significa 90% de redução do ICMS. 

“A evolução da produção e consumo do álcool ocorre no mundo todo. Esse aumento deve-se, em boa medida, ao preço baixo do álcool combustível. Os carros agora são bicombustível, tendo o motorista a opção de escolher, e é claro que a decisão será pelo mais barato”, diz o presidente do Sindálcool, José Pessoa Queiroz Bisneto. Segundo ele, neste ano a previsão de aumento na produção é de 20%.

O Brasil é hoje o principal produtor de cana-de-açúcar do mundo. Seus produtos são largamente utilizados na produção de açúcar, álcool combustível e mais recentemente, biodiesel. Mato Grosso do Sul representa 3% da produção nacional, sendo 60% do cultivo convertido em álcool e 40% em açúcar. Segundo José Pessoa, o consumo estadual chega a 1/3 da produção - “o restante vai para o Sul e Sudeste. Uma parcela é exportada a países do Oriente Médio e Rússia”.

Para o economista e membro do Conselho Regional de Economia (Corecon), Paulo Salvatore Ponzini, a instalação das usinas é muito importante para a agricultura. “Este movimento é importantíssimo. A diversificação de atividades, além de ocupar espaço, traz empregos, dá alternativas para o produtor rural e baseia a economia do Estado em produtos diferentes, não apenas soja e boi.”

Vedete dos combustíveis

Junte a alta nos preços do petróleo no mercado internacional, a adoção de políticas públicas por países desenvolvidos para incentivar o uso de combustíveis alternativos e menos poluentes e uma vocação natural para plantar cana-de-açúcar e construir usinas: está explicado o sucesso do álcool brasileiro. Ao lado dos Estados Unidos, o Brasil ocupa a posição de líder no setor sucroalcooleiro mundial e vem atraindo uma onda de investidores estrangeiros para o país. O etanol, quem diria, deixou de ser um produto tupiniquim para virar a vedete dos combustíveis em todo o mundo.

Por que tanto interesse no álcool brasileiro? No ano passado, o mercado brasileiro de etanol movimentou US$ 6 bilhões. Em 2010, deve chegar a US$ 15 bilhões. Além disso, a usina brasileira é a única do mundo que tira do mesmo pé de cana álcool, açúcar e eletricidade.
A entrada estrangeira no mercado brasileiro de álcool teve início em 2000, quando o grupo norte-americano Louis Dreyfus adquiriu três usinas no Brasil. Juntas, elas produzem oito milhões de toneladas por ano. No ano seguinte, a casa de comércio francesa Tereos (ex-Béghin-Say) entrou como sócia de 6% das ações da Cosan. Além disso, possui três usinas.
De acordo com dados da Unica, a associação dos produtores do setor, as companhias estrangeiras detêm hoje cerca de 5% da produção de cana do país, ou seja, quase 20 milhões de toneladas – percentual pequeno quando comparado a um total estimado em 420 milhões produzidos no Brasil. Ou seja, ainda há espaço para muitas aquisições.
 
 
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