O presidente Jair Bolsonaro abriu o seu discurso na 75ª edição da Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (22/9), falando sobre a pandemia da covid-19 no Brasil e fez menção às estratégias adotadas pelo governo federal para tentar amenizar os efeitos da crise sanitária na economia nacional, como o auxílio emergencial repassado aos brasileiros que ficaram sem renda. Segundo o mandatário brasileiro, cada um dos beneficiários do programa recebeu, aproximadamente, mil dólares.
“Nosso governo, de forma arrojada, implementou várias medidas econômicas que evitaram o mal maior. Concedeu auxílio emergencial em parcelas que somam, aproximadamente 1.000 dólares para 65 milhões de pessoas, o maior programa de assistência aos mais pobres no Brasil e talvez um dos maiores do mundo”, afirmou o chefe do Executivo.
Seguindo a lógica apresentada pelo presidente, cada pessoa que foi atendida pelo benefício teria recebido, ao todo, algo em torno de R$ 5,4 mil. A informação de Bolsonaro, contudo, não condiz com os indicadores do programa. Considerando que a maioria dos 65 milhões de brasileiros que receberam o auxílio emergencial tiveram cinco parcelas de R$ 600, o máximo que cada pessoa ganhou foi R$ 3 mil. Com a moeda norte-americana a R$ 5,43, isso representa pouco mais de 554 dólares.
A marca de mil dólares não é atingida nem levando em conta as quatro parcelas adicionais de R$ 300, que serão repassadas até dezembro deste ano. Se aos R$ 3 mil das cinco primeiras parcelas forem somados os R$ 1,2 mil das quatro parcelas restantes, o valor máximo repassado a cada beneficiário do programa seria de R$ 4,2 mil, o equivalente a quase 778 dólares.
Mães solteiras
A afirmação do presidente não chega a ser totalmente incorreta, porque alguns dos beneficiários do programa, de fato, receberam mil dólares (e até um pouco mais).
Mães solteiras e mulheres chefes de família, por exemplo, tiveram o auxílio dobrado. Em cada uma das cinco primeiras parcelas, elas receberam R$ 1,2 mil. Ao fim de cinco meses, elas acumularam, portanto, R$ 6 mil, o mesmo que 1.104 dólares na cotação atual.
Com mais R$ 2,4 mil das quatro parcelas adicionais (R$ 600 a cada mês), o total repassado a essa classe de beneficiários pode chegar a R$ 8,4 mil, que é igual a 1.546 dólares.
Mesmo assim, Bolsonaro exagerou na declaração, visto que nem todos os brasileiros atendidos pelo auxílio emergencial receberam as parcelas em dobro.
Balanço da Caixa contradiz presidente
De todo modo, analisando informações da Caixa Econômica Federal, instituição responsável por garantir o pagamento do auxílio, o valor médio repassado aos beneficiários do programa, quando convertido para a moeda norte-americana, não chega nem perto de mil dólares.
De abril até agosto, o banco transferiu R$ 201,3 bilhões para um total de 67,2 milhões de beneficiários. De acordo com esses números, cada um dos brasileiros atendidos pelo auxílio ganhou, em média, R$ 2.995, o que significa apenas 551 dólares.
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Bolsonaro também afirmou que o governo segue comprometido com a conclusão dos acordos comerciais do Mercosul com a União Europeia (UE) e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA). O presidente voltou a criticar a cobertura da imprensa brasileira durante a pandemia do novo coronavírus e criticou o isolamento social.
O presidente também afirmou que o “Brasil é um país cristão e conservador” e apelou aos líderes mundiais para lutar contra o que ele chamou de cristofobia. Ele também disse que o Brasil é vítima de campanha de desinformação sobre Amazônia. Leia o discurso na íntegra e veja o que mudou na fala dele em um ano.
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