Membros da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) movimentam uma “cruzada” contra procedimentos cirúrgicos estéticos realizados na fronteira do Brasil com Paraguai por profissionais sem especialização em cirurgia plástica. O Ministério Público Estadual em Dourados foi acionado sobre os casos que constantemente tem gerado pacientes com complicações, sequelas graves e até óbitos.
De acordo com o cirurgião plástico do HU (Hospital Universitário da Grande Dourados) e diretor científico da regional da SBCP, Douglas Menon, é preocupante a frequência de cirurgias estéticas mal sucedidas na região de fronteira, que vem sendo realizadas por pessoas que por vezes não são médicos e em outras possuem o registro no CRM (Conselho Regional de Medicina), no entanto, não possuem especialização em cirurgia plástica.
“Atendemos muitos casos de pacientes que buscam os procedimentos na fronteira e acabam em estado grave. Muitos são atendidos por profissionais que não são médicos e outros por médicos que não possuem especialização. Acreditamos que é uma falha a legislação brasileira permitir que médicos sem especialização realizem procedimentos que deveriam ser feitos por especialistas com aptidão para os mesmos”, pontua.
Tais procedimentos têm acontecido com frequência tanto no lado brasileiro da fronteira, na cidade de Ponta Porã e em cidades paraguaias. Recentemente o caso da estudante Sheyza Ayala, 22, que morreu após procurar uma clínica clandestina em Pedro Juan Caballero para aplicação de hidrogel nas nádegas e nas coxas, no intuito de ampliar o volume dos pontos, causou comoção social.
Conforme mostrado pelo Dourados News, foi apurado que o procedimento foi realizado por uma obstetra e uma massoterapeuta, sendo que a massoterapeuta já havia sido inclusive processada anteriormente após uma paciente ter morrido após procurá-la para a mesma finalidade.
O cirurgião plástico Douglas Menon cita que casos como o de Sheyza e outros recentes têm gerado preocupação entre os profissionais da área. Atuando na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, ele diz atender situações diversas mal sucedidas, com relatos das pacientes de que os locais das “cirurgias” eram improvisados.
“Além de não ter o profissional apto, isso aumenta o risco de complicações. Procedimentos estéticos exigem uma infraestrutura, uma equipe com anestesista, cirurgiões, enfermeiros, técnicos e quando não contam com este suporte o paciente fica suscetível”, diz.
O cirurgião diz que atualmente atende uma paciente que teve complicação após cirurgia abdominal em Ponta Porã e outra paciente que teve complicações após procedimento em Pedro Juan Caballero. Não serão divulgados nome, idade e outros detalhes tendo em vista o sigilo médico.
Recentemente, ainda conforme ele, uma mulher precisou amputar os dois pés e teve cicatrizes nas nádegas após injetar gordura nas nádegas e coxas, na região de fronteira.
“O resultado foi complicação severa. Uma deficiência física e marcas feias”, conta, ao explicar que assim como no caso de Sheyza a aplicação atingiu o interior dos vasos sanguíneos.
Por não fornecerem a estrutura e os recursos humanos corretos, as clínicas clandestinas ganham as clientes pelos baixos preços oferecidos nos procedimentos.
Sem buscar se informar se o profissional que fará o procedimento é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, tem o registro válido e referências, jovens e mulheres arriscam a própria vida pela estética.
“Muitas as vezes apresentam um sentimento de culpa, quando são atendidas durante as complicações por terem buscado um serviço de má qualidade” diz o cirurgião.
Ele explica que é possível conferir o registro do profissional cirurgião plástico junto ao site www.cirurgiaplastica.org.br. Mas, essa é uma atitude simples que poucos tomam.
“As pessoas ouvem falar de uma amiga, uma conhecida, alguém que fez e se arriscam”, diz.
O profissional cita que a classe espera que o Ministério Público Estadual de Dourados dê andamento as investigações necessárias e outros encaminhamentos e que contribuirá com o andamento das mesmas, conforme for preciso. Cita ainda que a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica acompanhará o andamento destas ações e realizará outras manifestações também junto ao Ministério Público Federal.
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