Aos 62 anos, James Mahoney decidiu adiar sua aposentadoria quando a pandemia de Covid-19 explodiu. Ele, que atuava num hospital do Brooklyn, em Nova York, que atende principalmente pessoas pobres e negras, queria se manter na linha de frente de atendimento aos pacientes.
Mahoney sentiu febre na segunda semana de abril. No dia 20 daquele mês, com dificuldades para respirar e andar, foi internado. Morreu sete dias depois com a doença que enfrentava.
“Algumas pessoas são relutantes em entrar nos quartos, e você pode entender o porquê”, disse o chefe de Mahoney, Robert F. Foronjy, ao New York Times. “Ele via outro ser humano precisando de ajuda e não hesitava”.
Médico por 40 anos, Mahoney atuou na linha de frente quando a epidemia de Aids surgiu nos anos 1980, no atendimento a vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001 e quando o furacão Sandy provocou enormes estragos em Nova York.
Amigos e familiares pediram para que, desta vez, aos 62 anos, se preservasse. Ele não quis. “Ele trabalhou na linha de frente até o final”, contou Melvin Mahoney, irmão de James.
“Uma das tristes histórias desta pandemia é que nós estamos perdendo pessoas que não poderíamos nos dar ao luxo de perder”, disse Foronjy.
Estudantes, especialmente os negros, o tratavam como uma lenda.
“Como um jovem homem negro, eu olhava para este cara e dizia a mim mesmo: ‘Em 20 anos eu quero ser como ele'”, disse ao "Times" o médico Latif Salam. “Quando um estudante negro de medicina, um residente negro, o via, via um herói. Alguém que você pode ser um dia. Ele era o nosso Jay-Z”, completa Latif, citando o rapper que é uma super estrela da música nos EUA.
A região de Nova York é a mais afetada pela pandemia de Covid-19. Segundo dados do monitoramento da Universidade Johns Hopkins, o estado registra, nesta quarta-feira (20), 28.558 mortes pelo novo coronavírus.
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