23 de novembro de 2004 - 08:51

Corinthians define seu futuro hoje

Os dois órgãos mais importantes do Corinthians decidirão amanhã à noite o futuro da parceria com a MSI (Media Sports Investments). Às 18h, o texto do novo contrato será avaliado pelos 25 integrantes do Cori (Conselho de Orientação). Um parecer será enviado ao Conselho Deliberativo, que se reunirá às 20h, no salão nobre do Parque São Jorge. Ao todo, 380 conselheiros têm direito a voto: 185 vitalícios e 195 quadrienais.

Na última reunião, dia 5 deste mês, o contrato não passou. O Cori e o CD fizeram quatro adendos ao texto original. A MSI queria criar uma S/A; o Cori e o Conselho exigiram uma associação de licenciamento. A MSI elegeu o Fórum de Londres para decidir eventuais questões; o Cori e o Conselho querem o de São Paulo; a MSI não dava garantias ao dinheiro que será investido no clube; o Cori e o Conselho querem um aval bancário de um grande banco internacional (JP Morgan, Chase Manhattam, Citibanck, Barclays, Credit Suisse ou HSBC). Além disso, o Cori e o Conselho querem saber a origem do dinheiro.

O clube está dividido. Com o caixa a zero e sem perspectivas para quitar uma dívida de R$ 22 milhões, criada só na última etapa da administração Alberto Dualib, a diretoria vê a parceria como a única solução para zerar o déficit (não estão incluídas nesses R$ 22 milhões as pendências com a Justiça do Trabalho. Se o clube perder todos os processos movidos por ex-funcionários e atletas, a dívida pode chegar aos R$ 60 milhões).

Se o contrato for aprovado, a MSI dará ao Corinthians, de luvas, U$ 35 milhões - U$ 20 milhões para quitar as dívidas e U$ 15 milhões que serão investidos em grandes contratações. Além disso, compromete-se a pagar para o departamento Social U$ 200 mil mensais no primeiro ano e R$ 200 mil mensais no segundo. A empresa assumirá todas as despesas e a receitas do departamento de Futebol profissional e amador nos próximos 10 anos. E terá preferência para renová-los por outros 10, de acordo com o texto do contrato.

É impossível garantir que o contrato será assinado. Há um grande equilíbrio entre o grupo favorável e o contra. A MSI provocou uma racha nas lideranças políticas. Juntos, o presidente Alberto Dualib, o vice Nesi Curi e o cardeal Wadih Helou sempre foram imbatíveis. Como Helou não vê a parceria como um bom negócio a partir do segundo ano de contrato, resolveu mudar de lado, provocando um racha no grupo.

Com o racha, nasceram novas lideranças. O vice-presidente de Futebol Antônio Roque Citadini, que também é vice-presidente eleito, até ontem um defensor fiel de Alberto Dualib, virou adversário na questão MSI. E está unido a Wadih Helou, outro que sempre deu apoio a Dualib, antes do advento MSI.

Junto com Wadih e Citadini, contrários à parceria, estão os grupos Damião Garcia, Valdemar Pires e Romeu Tuma Júnior. Somam 150 votos contrários à parceria. Alberto Dualib e Nesi Curi têm o apoio do grupo do conselheiro Andrés Sanches. Somam outros 150 votos.

Na prática, os 80 conselheiros que não estão comprometidos com nenhuma liderança é que podem definir a parceria. Isto é, se houver votação. O advogado Wílson Canhedo entrou com uma representação no Fórum do Tatuapé, pedindo que os 26 conselheiros assalariados do clube (todos favoráveis à parceria) sejam impedidos de votar nesta reunião. Se não tiver sucesso, entrará com uma medida cautelar, pedindo a suspensão da assembléia.

 

Estadão