22 de novembro de 2004 - 14:48

Produtores remanejam rebanhos no Pantanal

O produtor de gado pantaneiro está movimentando boa parte do rebanho nesta época do ano. Com o aumento da área de pastagem nativa, antes alagada pela cheia do Pantanal, também sobrou mais lugar para a criação. Com isso os rebanhos estão sendo remanejados para ocupar invernadas que estão garantindo um aumento substancial do número de cabeças de gado na região. A pecuária do Pantanal de Corumbá apresentou um crescimento de 27% nos últimos dois anos. Isso significa que a cidade que tem o maior rebanho bovino de Mato Grosso do Sul, hoje está com 1,9 milhão de cabeças de gado, 400 mil a mais do que em 2002. Os números são do Sindicato Rural de Corumbá que comemora o bom rendimento do setor que é o maior da economia do município. Desde 1998, não acontece uma grande cheia no Pantanal. Segundo a Embrapa Pantanal, o pasto que nasce espontaneamente nos locais que foram alagados, é muito mais nutritivo e engorda mais e melhor o rebanho. "Esse pasto é bem melhor do que o plantado e os pecuaristas tem condições de engordar melhor o gado", disse o pesquisador da Embrapa/Pantanal, José Aníbal Comastre. Ele também salientou que o setor passou por um amadurecimento nos últimos anos, o que contribuiu para o crescimento acentuado do rebanho. Para ocupar as áreas disponibilizadas, o produtor está usando de uma pratica que há muito não se via no Pantanal. As comitivas de gado estão se movimentando e rememorando a tradição da marcha da boiada que passa por pastos, picadas e estradas rurais. Em alguns pontos é preciso atravessar corixos, baías e rios. O gado nada sem problema para transpor esse obstáculo. Um cena, que encanta, não só às pessoas que acompanham de longe o trabalho, mas ao próprio peão, apaixonado pelo serviço que faz. “Existem muitas dificuldades pelo caminho, mas no fim o sacrifício compensa”, disse Ivan Mendes de Oliveira que é chefe de comitiva. Ele também explicou que durante a travessia, não há problemas com piranhas, como se imagina e assegurou que o peixe não ataca as reses. “O nosso maior problema é para colocar o gado na água. Tem que ter experiência e uma certa tática. Mas depois que entra no rio ele nada bem”, afirmou Ivan. Ele conduziu duas boiadas este ano e acredita que até o final deste mês ainda seja responsável por pelo menos mais três rebanhos. O gado vai ficar nessas áreas até fevereiro quando estará pronto para ir para o frigorífico. A partir de fevereiro o Pantanal começa a encher de novo e os produtores vão ter que aguardar o ciclo das águas se concluir, para só no final do ano que vem voltarem a criar gado nas pastagens nativas.
 
 
Corumbá Online