Diário MS | 8 de mar�o de 2010 - 14:40

Mulheres representam 10,25% da população carcerária em MS

Entre a população carcerária dos presídios e das delegacias de Mato Grosso do Sul, as mulheres representam 10,25%, segundo o Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (Infopen) do Ministério da Justiça. Apesar das diversas histórias de vida e das experiências negativas, as detentas realçam as conquistas e o resgate dos direitos no Dia Internacional da Mulher.

De acordo com dados da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen), 79% das 1.117 encarceradas estão ali por tráfico de drogas. Um exemplo disso é A. L. C., de 21 anos, presa há um ano e oito meses no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, localizado no bairro Coronel Antonino, em Campo Grande.

“A vida aqui é muita solidão, saudade, as pessoas não se gostam uma da outra”, desabafa. Apesar disso, ela se considera muito amigável e tem esperança. “Um dia aqui é sempre melhor do que o outro, pois é um dia a menos da pena”, afirma a jovem, que faz dança do ventre. “Dançar é minha paixão, ajuda a gente a se interagir com as pessoas”.

A. M., de 30 anos, também faz parte desse percentual. Ela está presa há dez meses e entrou grávida no presídio. A. L. C. afirma que a colega faz parte da “turma dos intelectuais”, pois elabora poemas. Meireles fazia faculdade e trabalhava como cabeleireira antes de ser presa também por tráfico de entorpecentes.

“Eu entrei nessa vida mais por ganância, queria ganhar mais, pois o tráfico estava dando mais dinheiro do que ser cabeleireira”, confessa a mãe do bebê, hoje com três meses. Depois desse período de reclusão, a integrante da “turma dos intelectuais” reconhece que “não tem nada melhor do que a liberdade, pois aqui dentro a gente sempre depende de alguém”.

Com todas as experiências vividas, as internas sonham com dias melhores. “Com o conhecimento que eu tenho, chego onde tenho que chegar”, disse C. que também afirmou que amadureceu de uma hora para outra ali. Meireles quer voltar a estudar e ter uma vida normal quando sair de lá, mas pensa que “vai ser difícil, pois tem muito preconceito” com ex-presidiárias.

A diretora do presídio, Dalma Fernandes de Oliveira, disse que nos 12 alojamentos do pavilhão, estão 339 internas. Para melhorar a auto-estima delas, várias atividades são feitas dentro do estabelecimento: as internas têm acesso à escola, exercem diversas atividades profissionais que ajudam na redução da pena, participam de festas e manifestações religiosas, entre outras. “Muito bom os projetos, mas falta coisa ainda, como a iniciativa dos empresários para acolher as mulheres que saem daqui”, declara a diretora. Segundo ela, as internas têm acompanhamento médico e odontológico.

Atividades

As atividades comemorativas ao Dia Internacional começaram no dia 26 de fevereiro no sistema penitenciário. A Escola Penitenciária (Espen) programou eventos para também as servidores da Agepen. Palestra abriu a série de atividades abordando a atuação da mulher no sistema penitenciário.

A programação inclui também palestras sobre qualidade de vida, saúde física e emocional, estresse, doenças cardiovasculares, câncer de mama; além de momentos interativos, como oficinas de beleza, moda, maquiagem, bazar e criações artísticas. Encerram a programação concurso de redação e show-baile. (*) com informações da TV Morena