Embrapa Soja | 3 de mar�o de 2010 - 07:36

Brasil deverá perder 46 milhões de sacas na colheita da soja

A previsão da Conab é de que o Brasil produza 66,73 milhões de toneladas de soja, na safra 2009/2010, 16.7% a mais que a safra anterior. 

Considerando que o Brasil cultivou cerca de 23 milhões de hectares na safra 2009/2010, a Embrapa Soja estima que serão perdidas, em média, duas sacas de soja por hectare durante a colheita, o que equivale a aproximadamentes 46 milhões de sacas ou R$ 1, 4 bilhão (considerando-se o valor de R$ 31,00 a saca).

Levantamento da Embrapa Soja mostra que a má regulagem das colhedoras nos mecanismos de corte e trilha, a velocidade incorreta de deslocamento da máquina, a falta de treinamentos dos operadores das colhedoras e o manejo  inadequado das lavouras de soja são os principais fatores que causam as perdas durante a colheita.

Os trabalhos conduzidos pela Embrapa Soja e Emater/PR, indicam que mais de 80% das perdas na colheita de soja são atribuídas ao mau funcionamento da plataforma de corte  e da inadequação da velocidade de avanço com relação a velocidade do molinete.

“O ideal é que a barra de corte trabalhe o mais próximo possível do solo, visando deixar o mínimo de vagens presas nos restos da cultura que permanecem na lavoura”, explicam os pesquisadores José de Barros França Neto e Francisco Krzyzanowski da Embrapa Soja. “

A velocidade de deslocamento da colhedora deve ser sincronizada com a velocidade das lâminas e do molinete, porém, devem ser considerados os casos, individualmente”, dizem.

Também prejudicam a colheita, a falta de ajustes dos mecanismos internos da colhedora e a debulha natural das vagens de soja.  “

As lavouras que apresentarem desnível no solo, presença de plantas daninhas, maturação desuniforme, acamamento, baixa inserção de vagens devem ter os cuidados redobrados”, explicam.

Qualidade do grão na colheita
De acordo com o pesquisador José Marcos Gontijo Mandarino, da Embrapa Soja, a ocorrência de grãos verdes interfere nos conteúdos de óleo, açúcares e umidade. “

Grãos imaturos podem transferir a coloração verde ao óleo extraído e aos produtos protéicos, o que acarreta aumento de custos nos processos de refino do óleo e produção de produtos protéicos, para que essa cor verde seja eliminada dos produtos”, explica.

Segundo ele, estudos sobre as condições de armazenamento de grãos de soja em regiões tropicais comprovam que alterações na umidade, na temperatura e no período de tempo de armazenagem afetam a qualidade dos grãos e, conseqüentemente a cor e o sabor dos produtos elaborados a partir deles.

O pesquisador revela que o teor de umidade de 13% ou menor e, a manutenção de baixas temperaturas durante o período de armazenamento previnem ou evitam o desenvolvimento de fungos nos grãos armazenados.

“Entretanto, grãos muito secos tendem a se rachar, o que, também, diminui a qualidade industrial dos grãos e acarreta problemas de sabor em produtos alimentícios feitos a partir desses grãos rachados ou quebrados”, explica Mandarino.