Dourados News | 12 de fevereiro de 2010 - 07:00

Comitê de Combate à Dengue cobra participação popular

O Comitê de Combate à Dengue de Dourados, em sua segunda reunião, realizada na tarde de ontem, avaliou as ações para combater o mosquito transmissor da dengue, bem como os locais de procriação de suas larvas. O encontro serviu também para discussão de medidas mais drásticas para que a população passe efetivamente a colaborar na erradicação dos focos em toda a cidade.

O secretário de Saúde, Mário Eduardo Rocha Silva, lamentou os discursos demagógicos e oportunistas que são feitos sobre a dengue, tentando culpar a administração municipal pelo crescimento dos casos da doença.

“A dengue não é só um problema de Dourados. Os números da Secretaria Estadual mostram mais de 14 mil casos notificados no Estado, dos quais 10 mil só em Campo Grande. Quem tenta culpar a administração municipal de Dourados pelo crescimento da dengue faz demagogia política em cima de um assunto muito sério”, afirmou o secretário.

Ele disse que o aumento dos casos de dengue é um problema que atinge várias regiões do país. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, várias cidades enfrentam epidemia e em sete a incidência de casos é superior a mil para cada grupo de cem mil habitantes. Apesar do crescimento dos casos, Dourados não está entre elas.

Segundo os integrantes do Comitê, formado por servidores da Saúde do município e do Estado; da Defesa Civil; da Câmara de Vereadores, associações de moradores e organizações não governamentais, a situação em Dourados é alarmante, mesmo com a intensa campanha realizada na cidade desde novembro do ano passado.


Falta conscientização
A abertura da reunião foi feita pela diretora de Vigilância em Saúde, Elisa Hidaldo, que convocou todos os integrantes a apresentarem sugestões para levar a população a se conscientizar da importância de verificar o seu próprio quintal, a sua própria casa para evitar a criação do mosquito.

Ela destacou que a Saúde, nas três esferas – municipal, estadual e federal – está fazendo a sua parte, realizando visitas domiciliares, alertando os moradores sobre os riscos de deixarem acumular água em vasilhames, solicitando a limpeza de seus terrenos e aplicando inseticidas nas áreas
mais afetadas, depois de ter atingido praticamente toda a cidade com a borrifação mecânica e manual.

Ela também explicou que não está confirmado que o óbito ocorrido esta semana foi efetivamente provocado por dengue hemorrágica, uma vez que não foi realizada a sorologia adequada, porém, o material foi coletado e encaminhado para análise em laboratório para que não haja dúvidas no resultado.

A coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Rosana Alexandre da Silva, apresentou fotografias de residências onde foram flagrados focos do mosquito da dengue, do alerta feito às famílias e de reincidência – novos focos foram encontrados depois da primeira visita.

Segundo ela, isso demonstra que grande parte da população ainda não se conscientizou de que esse tipo de comportamento, a falta de interesse no combate à larva do mosquito, coloca em risco os próprios familiares e os vizinhos.

Representantes de associações de moradores e da Defesa Civil também se pronunciaram e destacaram a necessidade de maior participação da população na eliminação dos reservatórios de água onde podem surgir criadouros do mosquito. Eles também sugeriram entrevistas de especialistas no setor aos programas de rádio e televisão para alertar que, se a população não ajudar, a situação vai ficar ainda pior.

Sebastião Marcondes, também do controle de vetores, explicou que a Saúde está cumprindo o seu papel, com as visitas domiciliares, a vistoria nas residências, o alerta aos moradores, a borrifação de inseticidas para combater o mosquito adulto já realizada por toda a cidade e, retomada em áreas de notificações de casos, por nove quadras. “Mas isso não tem sido suficiente, porque quando voltamos nesses locais, encontramos novamente situações de risco”, afirmou.


Desleixo
Rosana mostrou uma residência onde foram encontradas 200 garrafas pets sem os devidos cuidados e encontrados 10 focos do mosquito. “São situações que merecem uma punição, mas nós queremos combater a dengue com a educação, conscientizando os moradores do perigo da infestação e isso só conseguiremos com apoio da população”, afirmou.

Nesta sexta-feira, durante a ação comunitária no Jardim Santa Brígida, toda a equipe da Saúde e de agentes comunitários farão visitas domiciliares e também vistoria nos terrenos para verificar focos do mosquito e orientar os moradores para a necessidade de colaborar contra a dengue.

“Esta é uma luta de todos, somente com as medidas da Saúde não conseguiremos vencer, mas se a população ajudar, vamos vencer o mosquito”, afirmaram os integrantes do comitê, alertando que a dengue é um grande risco e pode matar também.