Folha Online | 4 de fevereiro de 2010 - 05:45

Indústria de máquinas e equipamentos espera crescer até 18% em 2010

A indústria de máquinas e equipamentos espera ter um aumento de até 18% no faturamento em 2010, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos).

O crescimento não será suficiente para recuperar totalmente as perdas acumuladas em 2009, quando o setor teve retração real de 20%, ante 2008.

Para isso, seria necessária alta de, pelo menos, cerca de 25%, segundo o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto. "Acreditamos que será possível ter um aumento entre 15% e 18% neste ano, sendo que dá para fazer mais se recebermos incentivos", avalia.

Aubert Neto destaca que o setor foi um dos mais afetados pela crise econômica, o que se refletiu principalmente nas quedas das exportações, de 40,5%. Entre os motivos, aponta o forte impacto da retração no mercado mundial e o câmbio desfavorável, com o real valorizado.

Para que o setor volte a ficar competitivo, segundo o presidente, seria necessário que a cotação do dólar estivesse em torno de R$ 2,30 -- na tarde de hoje, estava sendo negociado a R$ 1,84. Também é preciso linhas de crédito, como o PSI (Programa de Sustentação do Investimento), do BNDES, que termina em junho e tem taxas de juros reduzidas (4,5% ao ano).

Temor

De acordo com o especialista, o setor corre o risco de "desindustrializar", perdendo tanto a competitividade tanto no mercado externo quanto no interno. Aubert Neto cita como exemplo empresas de representação que vão a países como a China e trazem máquinas para o Brasil, vendendo a preços mais baixos do que os fabricados no país. "Com o tempo, se isso se mantiver, vamos parar de produzir, o que certamente irá gerar desemprego".

No ano passado, houve queda de 3,7% nos empregos do setor, que encerrou com 233.938 trabalhadores.

Ele cita ainda o "custo Brasil", se referindo a impostos e tributos. "Nosso país é o único do mundo que tributa investimentos". Segundo ele, somando-se esse último fator com as perdas do câmbio, os produtos da indústria nacional perdem de 40% a 50% de mercado.