Terra | 26 de janeiro de 2010 - 05:15

Congresso aprova envio de mais 900 soldados brasileiros ao Haiti

Em votação simbólica, a Comissão Representativa do Congresso Nacional aprovou nesta segunda-feira o pedido de aumento do contingente militar brasileiro no Haiti. Reunido durante o recesso parlamentar para analisar situações consideradas urgentes, o colegiado atendeu a solicitação do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e garantiu o envio de 1,3 mil militares para comporem a issão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), sendo 900 em caráter imediato. Com o aval dos parlamentares, os militares brasileiros em território haitiano poderão passar dos atuais 1,3 mil para até 2,6 mil.

Na avaliação do Ministério da Defesa, o envio imediato de um grupo de 900 militares permitirá que o Brasil atenda aos pedidos de reforço feitos pelas Nações Unidas. Desse total a embarcar imediatamente para o Haiti, a prioridade é para militares que já tenham participado de missão no Haiti. A ideia é que desses, 750 sejam de infantaria, entre eles 90 fuzileiros navais, e 150 do efetivo da Polícia do Exército.

O único parlamentar que se manifestou contrário ao envio das tropas foi o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA). Ele afirmou que "o Brasil não está em condições de ajudar, e sim de ser ajudado".

Os parlamentares reunidos durante o recesso também aprovaram um requerimento do deputado Pedro Wilson (PT-GO) com o voto de pesar pelas mortes na tragédia haitiana da pediatra Zilda Arns, do diplomata Luiz Carlos Costa e dos militares da missão da paz.

Terremoto
Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti no último dia 12, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.

Dezenas de prédios da capital caíram e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. Estimativas mais recentes do governo haitiano falam em mais de 200 mil mortos e 75 mil corpos já enterrados. O Haiti é o país mais pobre do continente americano.

Morte de brasileiros
A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, o diplomata Luiz Carlos da Costa, segunda maior autoridade civil da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, o tenente da Polícia Militar do Distrito Federal Cleiton Batista Neiva, e pelo menos 18 militares brasileiros da missão de paz da ONU morreram durante o terremoto. Também foi confirmada a morte de uma brasileira com dupla nacionalidade, cuja identidade não foi divulgada.

O Brasil no Haiti
O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.

A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.