Agência Aids | 5 de janeiro de 2010 - 09:35

Manipulação genética pode tornar células imunes ao HIV

Manipulação genética pode imunizar as células contra o vírus HIV
Apenas um homem até hoje parece ter sido curado de Aids, um paciente que também tinha leucemia. Para tratar a leucemia, ele recebeu transplante de medula em Berlim de um doador que, por sorte, era naturalmente imune ao vírus da Aids.

Se essa mutação natural puder ser imitada nas células sanguíneas humanas, os pacientes talvez sejam imunizados ao vírus mortal. Mas ainda não existe uma forma de se fazer alterações precisas no DNA.

Isso poderá mudar se uma nova técnica poderosa para editar o texto genético se mostrar segura e eficaz. Na Universidade da Pensilvânia, Carl June e alguns colegas têm usado a técnica para partir um gene nas células T, tipo atacado pelo vírus da Aids.

Então, eles inserem essas células de volta no corpo. Um ensaio clínico está sendo realizado para ver se as células tratadas reconstituirão o sistema imunológico do paciente e derrotarão o vírus.

A técnica, que depende de agente naturais chamados dedos de zinco, podem reavivar a terapia genética, pois ela supera a incapacidade de se inserir novos genes em um local escolhido.

Outros pesquisadores planejam usar a técnica do dedo de zinco para tratar geneticamente doenças como a imunodeficiência combinada grave, a hemofilia e a anemia falciforme.

A princípio, a abordagem do dedo de zinco deve funcionar em quase qualquer lugar em qualquer cromossomo de qualquer planta ou animal.

Assim, ele proporcionaria um método geral para se criar novas plantas, tratar várias doenças humanas e até fazer mudanças hereditárias no esperma ou nos óvulos humanos, se essas intervenções forem eticamente justificáveis.

Os dedos de zinco são componentes essenciais de proteínas usadas pelas células vivas para ligar e desligar os genes. Como os dedos reconhecem sequências específicas de DNA, eles guiam as proteínas de controle ao lugar exato onde começa o gene alvo.

Após anos de desenvolvimento, biólogos aprenderam a modificar a natureza do sistema de reconhecimento de DNA, transformando-o em um sistema geral para manipular genes.

Traduzido por André Luiz Araújo

Os dedos de zinco

Nome. É derivado do átomo de zinco que prende dois arcos de proteína para formar um "dedo".

Leitor. Cada dedo de zinco natural reconhece um grupo de três letras, ou bases, na molécula de DNA. Ao unir três ou quatro dedos, os pesquisadores podem gerar proteínas artificiais associadas a um lugar específico.

Processo. A tecnologia dos dedos de zinco levaram anos para ser preparadas devido à dificuldade de se esquematizar os dedos e também de evitar que eles cortem o genoma nos lugares errados.

Potencial
Técnicas têm várias utilidades
Nova York. Edward Lanphier II viu o potencial da técnica para a manipulação genética após ler um artigo de Aaron Klug, cristalógrafo britânico que descobriu o esquema dos dedos de zinco.

Lanphier, que foi executivo de uma empresa de terapia genética, trabalhou com Klug e Carl Pabo para melhorar a técnica e desenvolver combinações de dedos de zinco para associar qualquer sequência de letras de DNA.

“Agora temos um alfabeto completo de dedos de zinco”, disse Lanphier. “Mas, quando começamos, era como se digitássemos um romance só apenas dois dedos”.

As proteínas dos dedos de zinco têm muitos usos em potencial. Uma utilidade é a conexão deles a agentes que ligam e desligam o gene no local reconhecido pelos dedos.

Uma forma mais poderosa é a utilização dos dedos de zinco como um sistema de processamento para cortar e colar texto genético. Dois grupos de dedos de zinco são anexados a uma proteína que corta o DNA entre dois locais estabelecidos pelos dedos. A célula rapidamente concerta o corte.

Se o DNA para um novo gene for inserido em uma célula ao mesmo tempo em que os dedos de zinco que cortam o DNA, o novo gene será incorporado pelo sistema de reparo da célula no local da quebra.

A maioria das técnicas de terapia genética usa um vírus para carregar novos genes para uma célula, mas não pode direcionar o vírus a inserir genes em um local específico.