Agricultores de Mato Grosso do Sul estão preocupados com o avanço da buva, uma planta invasora que concorre por luz e nutrientes com a soja e que apresenta resistência a um grupo de herbicidas. Este ano, os produtores não podem reclamar da falta de umidade. O problema é que a mesma chuva, que ajuda no desenvolvimento do grão, é boa também para a multiplicação da buva.

A buva é o nome comum dado a um grupo de plantas do gênero conisa, que reúne mais de 50 espécies. Tem sido o principal problema de início de safra das lavouras do sul do Estado já há dois anos. Agora, também está ameaçando as lavouras do Estado. O agricultor Dirceu Bortolanza cultiva o soja em 280 hectares numa propriedade em Dourados. Ele escolheu o plantio direto. Já fez duas aplicações de herbicida: uma na fase do pré-plantio e outra na fase do pós-plantio. Mas ele não contava que a praga fosse disputar espaço com o grão.

“No ano passado, tinha um pé ou outro. E a gente não prestou muita atenção. Achou que não iria surtir efeito. Agora, esse ano está se alastrando violentamente”, contou seu Dirceu. Basta andar um pouco no meio da lavoura para encontrar a planta escondida entre as plantas. Como o herbicida não consegue matar a buva já crescida, este ano o único jeito encontrado pelo seu Dirceu foi contratar funcionários que, com a enxada, vão retirando as ervas invasoras.

Fernando Adegas é pesquisador da Embrapa Soja de Londrina, no Paraná, onde o problema já existe há mais tempo. Ele foi a Mato Grosso do Sul para orientar os produtores sobre como evitar os prejuízos pelas ervas invasoras. “É uma planta que produz muita semente. Dados mostram até 200 mil sementes por planta. É uma semente leve, que muito fácil de o vento levar e muito fácil de disseminar. Fora isso, o aumento do plantio direto, a utilização de determinados herbicidas que não controlam bem essa planta e, basicamente, a monocultura do soja. Então, é uma série de fatores que ajudaram o da buva no Brasil inteiro", explicou o pesquisador. De acordo com os pesquisadores; se a buva não for controlada, pode reduzir em até 90% a produtividade nas lavouras de soja.