Conjuntura | 18 de dezembro de 2009 - 10:38

Cestas básicas apodrecem na Funai em Dourados

Cestas básicas estão apodrecendo na sede da Funai (Fundação Nacional do Índio), conforme denúncia de indígenas. Eles contabilizam 6.630 pacotes de arroz estragado, o que totaliza 33 toneladas do alimento. A fome e falta de segurança nas aldeias resultou em ocupação do prédio da Funai, na manhã de ontem.

Além do arroz, os indígenas também mostraram pequenas quantidades  de leite em pó estragado, fubá e açúcar com marcas de que foram “atacados” por ratos.

Enquanto o grupo reclama de falta de material para produção nas reservas, eles denunciam que há arados de tração animal novos e que não teriam sido distribuídos.

De acordo com o líder indígena Taquara Taperendy, o estopim do protesto, foi o descaso da direção da Funai para com os indígenas do Conesul com relação a falta de alimentos.

Ele conta que há cinco meses não recebe alimentos na aldeia onde mora. Por outro lado, denuncia que caminhões carregados estariam saindo do local, sem que eles saibam o destino das cestas.

O grupo acredita que com a saída da administradora, Margarida Nicoletti, problemas como a falta de segurança e incentivos à agricultura serão resolvidos.

Segundo eles, em 40 dias seis indígenas morreram vítimas da violência que corre solta nas aldeias, segundo eles. Outra reclamação gira em torno de incentivos. "Nos tratam como inconsequentes e não disponibilizam maquinários. Eles apodrecem sem uso, mas a Funai não nos disponibiliza", dizem eles.

As lideranças dizem que os mais de 13 mil índios só não estão passando fome porque recebem cesta básica do governo do estado. "Não tem como plantar. A Funai é omissa nesta questão, o que revolta a comunidade", explicaram.

No início do ano, oito toneladas de alimentos estragaram na Funai. Na época, a direção informou que a Funai de Dourados informou que os alimentos que estão na sede da Fundação, são de “varreduras”, ou seja, produtos que chegaram abertos e acabaram caindo no chão, sendo recolhidos porteriormente para serem encaminhados a Conab, que redistribui a setores ligados a alimentação animal.

O Douradosagora tentaram contato com a administradora. Ela não foi localizada durante todo o dia de ontem. A desocupação do prédio aconteceu às 17h50 de ontem, após o grupo receber garantias da exoneração de Margarida no dia 1º de janeiro.

Até lá, eles permanecem acampados em frente a Funai, na Praça do Cinquentenário.