Agência Brasil | 16 de dezembro de 2009 - 17:05

Colônia Penal Agrícola da Capital é uma das melhores do Brasil

No relatório da CPI Carcerária, que esteve em Mato Grosso do Sul para avaliar a situação carcerária do Estado em março de 2008, a Colônia Penal Agrícola de Campo Grande foi citada como um dos piores presídio do País. Pouco mais de um  ano depois, a situação está completamente diferente. A gestão penitenciária imprimiu no local uma nova forma de trabalho, baseada na disciplina. Atualmente, estão na Colônia Penal Agrícola (CPA) 450 detentos e, desse total, mais da metade trabalha interna ou externamente.

Recentemente, os 68 educandos do regime semi-aberto urbano passaram a integrar o número de detentos da CPA e 60 deles já estão trabalhando. Através de convênios, os internos cuidam do Parque dos Poderes, do Parque das Nações Indígenas, estão empregados na prefeitura para fazer limpeza, trabalham na Embrapa, no Imasul, na Agraer, Procon, empresas de construção, de reciclagem, entre outros locais.

Alguns detentos também cuidam da limpeza da CPA, na cozinha ou na lavoura. No total, mais de 50 são responsáveis por todos os setores do local. A Colônia Penal também fez parceria com a empresa Ecoflake – Indústria de Reciclagem Ltda - que trabalha com reciclagem de embalagens plásticas, nas proximidades do local.

O diretor da Ecoflake, Antônio Carlos Vilhena de Moares, afirma que a parceria vale a pena e que não tem problemas com os reeducandos/funcionários. Além daqueles que trabalham na fábrica, há os que ficam especificamente na produção de bloquetes de concreto.

O titular da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, Albino Coimbra Neto, ressalta o trabalho desenvolvido na CPA e lembra que o local que já foi eleito o pior do Brasil é hoje um dos melhores. “É um exemplo de como se executa a pena. O Conselho da Comunidade tem auxiliado muito, mas não há como não reconhecer o trabalho do administrador, do gestor. Não temos mais notícias de rebelião, anarquias, enfim, a disciplina é parte do dia-a-dia. Precisamos acabar com o preconceito, porque só se ressocializa uma pessoa através da família, religião e trabalho”, reforçou o juiz.

Conselho Comunitário

 O Conselho da Comunidade de Campo Grande é uma iniciativa do Poder Judiciário, com respaldo na Lei de Execução Penal (LEP), que age dentro do presídio para a melhoria carcerária, vinculado ao juízo da Vara de Execução Penal. O conselho é composto por 22 membros, entre eles, magistrados, promotores, defensores públicos, conselheiros da OAB/MS, Conselho de Psicologia e mais sete pessoas da sociedade civil.

O Conselho da Comunidade que atua há dez anos na Capital teve seu trabalho reconhecido entre os cinco melhores do País. Hoje, o conselho emprega 203 presos.