Folha Online | 10 de dezembro de 2009 - 14:13

Brasil precisa crescer 5% no 4º trimestre para fechar 2009 estagnado

O crescimento de 1,3% do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre deixa a economia em patamar semelhante ao que era observado entre o final de 2007 e o início de 2008, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado de julho a setembro, se comparado aos três meses imediatamente anteriores, é o melhor desde o primeiro trimestre de 2008. Em relação ao terceiro trimestre de 2008, a economia teve retração de 1,2%.

Para que a economia fique estagnada neste ano, o PIB precisa avançar 5% no quarto trimestre deste ano, em relação a igual período em 2008, quando começou o movimento de retrocesso da economia, sob efeitos da crise.

Para que o país cresça 1% em 2009, o PIB terá que subir 9,1% no quarto trimestre, sempre em relação a período correspondente no ano passado. Para que a economia avance 0,5%, será necessário incremento de 7% no PIB do quarto trimestre.

Em termos anuais (considerando 12 meses terminados em setembro), a última vez que o Brasil registrou queda foi em 1999.

"A indústria e o investimento apresentaram um bom desempenho no terceiro trimestre, em relação aos três meses imediatamente anteriores, nas ainda tem queda em relação mao ano passado", afirmou a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

O PIB, que mostra o comportamento de uma economia, é a soma das riquezas produzidas por um país --é formado pela indústria, agropecuária e serviços. O PIB também pode ser analisado a partir do consumo, ou seja, pelo ponto de vista de quem se apropriou do que foi produzido. Neste caso, é dividido pelo consumo das famílias, pelo consumo do governo, pelos investimentos feitos pelo governo e empresas privadas e pelas exportações.

Setores

O investimento, medido pela chamada FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), subiu 6,5% no terceiro trimestre, se comparado ao segundo trimestre. Em relação ao terceiro trimestre de 2008, houve retração de 12,5%. No acumulado dos nove primeiros meses, a queda foi de 14,2%, e nos últimos 12 meses, a redução chega a 10,2%.

A taxa de investimento no trimestre passado representou 17,7% da formação do PIB. No mesmo período de 2008, a taxa representava 20,1%.

Indústria

O setor industrial teve alta de 2,9% frente ao segundo trimestre. Em relação ao período de julho a setembro do ano passado, a indústria despencou 6,9%. De janeiro a setembro, a queda foi de 8,6%, e no acumulado em 12 meses, houve retrocesso de 7,1%.

Já o setor de serviços registrou incremento de 1,6% na comparação com o segundo trimestre. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o PIB dos serviços subiu 2,1%, assim como no acumulado de janeiro a setembro, cujo avanço chegou a 1,9%. Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, verifica-se também alta de 1,9%.

O setor agropecuário, por sua vez, caiu 2,5% na comparação com o período de abril a junho deste ano. Em relação ao terceiro trimestre de 2008, a agropecuária teve queda de 9%. A retração do setor chegou a 5,3% quando o desempenho de janeiro a setembro é comparado a igual período no ano passado. Nos últimos 12 meses, foi constatado retrocesso de 4%.

O consumo das famílias teve aumento de 2% em relação ao segundo trimestre. Quando confrontado com o terceiro trimestre de 2008, nota-se alta de 3,9%. Ao longo dos nove primeiros meses, os gastos das famílias cresceram 2,8%, e no acumulado dos últimos 12 meses, têm incremento de 3,1%.

O consumo do governo no terceiro trimestre registrou alta de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Sobre igual período em 2008, constatou-se crescimento de 1,6%. De janeiro a setembro, registra alta de 3,3%, e nos últimos 12 meses, o aumento chega a 2,5%.