Diário MS | 8 de dezembro de 2009 - 16:25

Professor índio está desaparecido há 37 dias em Paranhos

O desaparecimento do professor indígena Rolindo Vera, ocorrido em Paranhos, na fronteira com o Paraguai, completa 37 dias hoje. Ele desapareceu junto com o primo, o também professor indígena Genivaldo Vera, após confronto com seguranças da fazenda São Luiz, no dia 31 de outubro.

O corpo de Genivaldo foi encontrado no dia 7 de novembro enroscado ao galho de uma árvore, no córrego Ypoi, a 30 km de Paranhos. Inicialmente, o corpo foi reconhecido pelo pai, Bernardo Vera, através de fotos. No dia 20 de novembro, o IML (Instituto Médico Legal) de Campo Grande confirmou que o corpo era de Genivaldo Vera. O laudo assinado pelo médico legista Ronaldo Rosa afirmou que o corpo tinha uma fratura no tórax. O legista também constatou que o índio não morreu de afogamento, ou seja, ele já estava morto quando foi atirado ao córrego.

Até agora a Polícia Federal não divulgou o resultado da investigação sobre o desaparecimento de Rolindo Vera e sobre a morte de Genivaldo Vera. A Polícia Civil, que recebeu o laudo do IML, também não falou mais sobre o caso. As buscas aos índios envolveram até soldados do Exército, mas nenhuma pista foi encontrada.

No dia 14 de novembro, a Anistia Internacional enviou um comunicado aos governos brasileiro e paraguaio pedindo que fossem redobrados os esforços nas buscas pelo professor índio Rolindo Vera. O governador André Puccinelli (PMDB) divulgou nota oficial afirmando que todos os recursos humanos e materiais da segurança pública seriam colocados à disposição da Polícia Federal e da Justiça Federal visando o esclarecimento do desaparecimento e do assassinato.

O caso

No dia 29 de outubro, pelo menos 50 índios da aldeia Pirajuí invadiram a fazenda São Luiz e montaram acampamento. A área ocupada fica a 50 km da aldeia, na fronteira com o Paraguai. A ocupação foi liderada por Bernardo Vera, pai de Genivaldo e tio de Rolindo. Os dois professores participaram da invasão.

Dois dias depois da ocupação, homens armados foram à fazenda ocupando caminhonetes e entraram em confronto com os índios para expulsá-los da área. Os próprios índios relataram que houve confronto e o grupo fugiu de volta à aldeia Pirajuí. Genivaldo e Rolindo não conseguiram voltar para casa. Acionada pelo MPF (Ministério Público Federal), a PF começou a investigar o confronto quatro dias depois.