Notícias.MS | 2 de dezembro de 2009 - 08:49

Cozinhar proporciona novas perspectivas de vida para reeducandos de MS

As refeições servidas no Presídio de Trânsito (Ptran), em Campo Grande , agora são preparadas por internos da unidade penal contratados pela empresa terceirizada responsável pelo fornecimento da alimentação no local. A iniciativa faz parte de uma parceria com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).

Desde o mês passado, um grupo de dez reeducandos trabalha na cozinha do Ptran acompanhados por duas nutricionistas da empresa. Até então, o serviço era realizado por empregados de fora do presídio.

A contratação de internos por empresas terceirizadas, vencedoras de licitação, para o preparo das refeições servidas também acontece em outras unidades penais da Capital e do interior. O modelo dá maior agilidade ao fornecimento do serviço com economia de recursos, ao mesmo tempo em que provê atividade laboral aos reeducandos.

No Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, por exemplo, 24 reeducandas - sendo quatro como aprendizes – trabalham na cozinha do presídio, representando cerca de 20% das vagas de trabalho oferecidas.

Já no Instituto Penal de Campo Grande (IPCG), 40 internos são responsáveis pelo preparo da comida. Também são os reeducandos que produzem os pães consumidos. Na padaria do IPCG, trabalham oito detentos, com uma produção diária de quatro mil pães.

Com a ativação da cozinha industrial no Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho” (EPJFC), que está em fase final de instalação, também deverão ser abertas cerca de 30 novas oportunidades de trabalho para os detentos.

Pelo trabalho, os internos recebem 3/4 do salário mínimo (R$ 348,75) e remição – para cada três dias trabalhados, um será diminuído na pena a ser cumprida.

Para atuar na cozinha do presídio, os reeducandos são selecionados pela Comissão Técnica de Classificação (CTC) da unidade penal e passam por exames médicos.

Em todos esses projetos implantados nos estabelecimentos penais de Campo Grande e do interior do Estado, a Agepen contrata, através de licitação, a empresa terceirizada, que fica responsável por adequar, dar manutenção ao espaço da cozinha, colocar os equipamentos necessários e comprar mantimentos para preparar a comida.

A empresa treina os reeducandos para preparar os alimentos. Para isso, também deve levar uma equipe própria e capacitada para supervisionar o trabalho e elaborar o cardápio.

O diretor-presidente da Agepen, Deusdete Oliveira, ressalta que essa é mais uma oportunidade de emprego para os detentos, o que contribui significativamente para a ressocialização. “A ocupação produtiva dos internos, além de ajudar a trazer mais tranquilidade à rotina do estabelecimento penal, também colabora, muitas vezes, para que eles aprendam uma nova profissão e possam ser mais facilmente reinseridos no mercado de trabalho quando conquistarem a liberdade”, destaca.

É o que pensa a interna L.S.A., 40 anos, que trabalha na cozinha do presídio feminino da Capital. Segundo ela, o trabalho lhe deu uma nova perspectiva de vida. “Aqui eu aprendi a cozinhar em grande quantidade, como fazer os cortes corretos, a não desperdiçar”, comenta. “Me sinto preparada para trabalhar em qualquer cozinha industrial quando sair daqui”, garante.