Folha Online | 27 de novembro de 2009 - 17:58

PF apreende R$ 700 mil em operação contra autoridades do DF

Na operação que investiga suposto pagamento de propina pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), para parlamentares da base aliada do DEM na Câmara Legislativa do DF, a Polícia Federal apreendeu R$ 700 mil em dinheiro nos 24 endereços onde foram realizadas nesta sexta-feira ações de busca e apreensão.

A PF mantém em sigilo os nomes das autoridades que estariam em poder do dinheiro, supostamente repassado por empresas de informática a autoridades do DF, entre elas Arruda, para ser repassado em forma de "mensalinho" à base aliada.

Segundo a PF, além do dinheiro, os 150 agentes que participaram da operação também apreenderam documentos e computadores. Os recursos serão depositados em conta judicial do governo federal, na Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil, onde ficam bloqueados até o final das investigações.

Além dos agentes policiais, procuradores da República acompanharam as ações de busca e apreensão nas casas e escritórios dos suspeitos de envolvimento nas fraudes.

Despacho do ministro Fernando Gonçalves, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que resultou na operação da PF, afirma que um dos secretários de Arruda teria gravado conversa sua com o governador na qual ele manda oferecer R$ 400 mil para a "base aliada".

O despacho, o qual a Folha Online teve acesso, afirma que o secretário de Relações Institucionais do GDF, Durval Barbosa, usou escuta ambiental para flagrar conversa com Arruda e outros integrantes do governo. Numa das conversas, o secretário teria flagrado a oferta da mesada para a base aliada.

"A autoridade policial noticia haver o colaborador [Durval] repassado ao DPF [Departamento de Polícia Federal], para fins de registro, a soma de R$ 400 mil, valor a que ele [Durval] retornará para seguir o destino apontado por Arruda: entregar a [José Geraldo] Maciel [ex-secretário de Saúde do DF] para pagamento da base aliada. Ou seja: o dinheiro será dissipado em diversos pagamentos menores a pessoas ainda não identificadas", diz o despacho do STJ.

O ministro Fernando Gonçalves afirma, ainda, que o valor do suposto pagamento de Arruda seria de R$ 600 mil --já que outros R$ 200 mil teriam sido usados para o "mesmo destino" determinado pelo democrata para a base aliada governista.

Apreensão

Com base nas gravações feitas por Barbosa, a PF realizou hoje uma série de mandados de busca e apreensão na residência do governador e de seus aliados.

O despacho também autorizou buscas nas seguintes empresas que prestam serviços ao GDF: Infoeducacional, Vertax, Adler e Linknet. Essas empresas, segundo o despacho do STJ, seriam responsáveis por levantar os R$ 600 mil que Arruda supostamente teria mandado oferecer à base aliada.