G1 | 28 de novembro de 2009 - 06:01

Metade das vagas oferecidas nos vestibulares ficou ociosa em 2008

Das quase 3 milhões de vagas oferecidas em cursos de graduação presencial no país em 2008, metade não foi preenchida. O total de vagas ociosas praticamente alcançou a marca de 1,5 milhão. A grande maioria delas (98%) está em instituições privadas. As informações fazem parte do Censo da Educação Superior, divulgadas nesta sexta-feira (27) pelo Ministério da Educação (MEC). 

Numa comparação com os últimos seis anos, 2008 registrou o maior percentual de vagas ociosas: 49,55%. Essa tendência de alta já vinha ocorrendo nos últimos anos. Mesmo assim, as instituições de ensino não deixaram de abrir mais vagas. O número de lugares no ensino superior em 2008 cresceu 5,7% em relação a 2007.

O número de ingressantes em 2008 foi de 1.505.819 alunos. Quase 80% (1.198.506) foram para instituições particulares. Entre as públicas, as federais tiveram o maior número de ingressantes, 162.115.

Os cursos também cresceram em 5,2% e, no ano passado, o Brasil tinha 24.719 cursos em funcionamento. O censo mostra que mais de 72% (ou 17.947) são ofertados por instituições privadas.

Uma das explicações para esse cenário é a falta de planejamento das instituições, principalmente as privadas, na opinião do consultor em ensino superior, Carlos Monteiro.

 “Observamos essa tendência [de alta no número de vagas ociosas] nos últimos cinco anos, que vem aumentando de maneira brutal, principalmente no ensino particular. Isso representa uma deficiência no seu posicionamento estratégico. São instituições que acreditam em um mito que não existe mais. Há 20 ou 30 anos era mais garantido o retorno.”

 “O aumento de vagas é fruto da concorrência no setor privado por alunos. Eles oferecem mais cursos em lugares e cidades diferentes, com valores mais baixos"

Jacques Schwartzman, diretor do Centro de Estudos de Ensino Superior da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem uma visão parecida. “Isso é fruto da concorrência no setor privado por alunos, porque essas vagas ociosas são quase todas no setor privado. No setor público, é pouco muito o número de vagas ociosas. Isso representa uma luta por alunos. Eles oferecem mais cursos em lugares e cidades diferentes, com valores mais baixos.”

No entanto, ele pondera que não é possível atribuir unicamente à falta de planejamento das instituições e à luta por atrair mais alunos. “Essas vagas não são totalmente ociosas. Em muitos casos, o acontece é que cerca de 30% dessas vagas são uma espécie de reserva técnica", diz.

"As faculdades isoladas, que não têm autonomia para criar cursos ou ampliar as vagas, na hora de fazer o credenciamento no MEC, superestimam o número de vagas. Assim, se precisarem mais para a frente das vagas, não precisam voltar ao MEC e fazer a burocracia toda outra vez."