Folha Online | 24 de novembro de 2009 - 15:18

Senado adia discussão sobre ingresso da Venezuela no Mercosul

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou nesta terça-feira que a votação sobre a adesão da Venezuela ao Mercosul poderá ocorrer nesta quarta-feira.

"Vamos conversar amanhã. Se houver quorum, votaremos. Se não, tentaremos na próxima semana", disse.

Segundo o senador, hoje deverão ser votados em plenário apenas mensagens presidenciais com indicações de autoridades e projetos de decretos legislativos com autorizações de empréstimos.

A reunião de líderes para decidir a pauta do fim do ano, anunciada na última semana, foi adiada para data ainda não definida.

Nos bastidores, governistas têm dúvidas sobre o número de parlamentares favoráveis ao ingresso da Venezuela no bloco. Os líderes preferiram tentar um acordo com a oposição antes de analisar o tema em plenário.

O governo adiou a votação nas últimas três semanas por não ter certeza da vantagem sobre a oposição.

Líderes governistas admitiram que as recentes declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de que os líderes militares da Venezuela devem estar preparados para a guerra no continente, poderiam colocar em risco a aprovação da adesão do país ao Mercosul.

Chávez fez as declarações há três semanas, o que dificultou as negociações dos governistas para a votação do ingresso da Venezuela no Mercosul. A oposição trabalha para adiar a votação do protocolo de adesão até que haja um compromisso do governo venezuelano de que não há uma "situação de guerra" no continente.

Defesa

O ministro Samuel Pinheiro Guimarães (Secretaria de Assuntos Estratégicos) fez na semana passada uma ampla defesa do ingresso do país vizinho no bloco econômico.

Ao afirmar que a Venezuela não viola princípios democráticos, Guimarães disse que o Brasil deve fazer um debate menos "emocionado" para discutir se o país deve ingressar no Mercosul.

"Você tem violação de direitos humanos em outros Estados. Há dezenas de sindicalistas, líderes universitários, em outros países da região presos, mortos, assassinados, e não há essa emoção toda", afirmou.

Na opinião de Guimarães, a Venezuela preserva a liberdade de imprensa --apesar de ter determinado o fechamento de emissoras de rádio e TV contrárias ao regime presidencial.

"A Venezuela é um país que aceita a cláusula democrática. Na Venezuela se realizaram eleições com observadores internacionais, todas consideradas democraticamente realizadas. Na Venezuela não há nenhum preso político, não há nenhum jornalista preso. Basta ligar a televisão na Venezuela para verem que a liberdade de opinião, e de criticas, é extraordinária."