Folha Online | 20 de novembro de 2009 - 05:46

América Latina terá 9 milhões de pobres a mais em 2009 devido à crise

A atual crise financeira que afeta o mundo fará com que 9 milhões de pessoas caiam em situação de pobreza na América Latina este ano, para até 189 milhões de pobres, segundo o relatório Panorama Social da América Latina 2009, apresentado hoje.

No estudo, a Cepal (Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe) projeta que a pobreza na região aumentará 1,1%, e a indigência subirá 0,8% em relação a 2008.

Assim, as pessoas em situação de pobreza passarão de 180 milhões a 189 milhões em 2009 (34,1% da população), enquanto as pessoas em situação de indigência aumentarão de 71 milhões para 76 milhões (13,7% da população). Estes números indicam uma mudança na tendência da redução da pobreza que a região vinha registrando.

O estudo da Cepal revela também que a pobreza atinge mais forte na América Latina as crianças e mulheres que o resto da população: é 1,7 vezes mais alta nos com menos de 15 anos que em adultos, e 1,15 vezes maior em mulheres que em homens.

Os 9 milhões de pessoas equivalem a quase 25% da população que tinha superado a pobreza entre 2002 e 2008 (41 milhões de pessoas) graças ao maior crescimento econômico, à expansão da despesa social, o bônus demográfico e as melhoras na distribuição, segundo o estudo.

O aumento projetado na pobreza para 2009 adiará o cumprimento do primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio, que consiste em erradicar a pobreza extrema da fome até 2015. Assim, 85% do avanço registrado na região neste âmbito em 2008 cairá para 78% em 2009.

Espera-se que alguns países, como o México, por exemplo, registrem altas nos níveis de pobreza e indigência superiores à média, devido à redução do PIB (Produto Interno Bruto) e à deterioração da situação de emprego e salários.

No entanto, a atual crise terá impacto inferior sobre a situação de pobreza regional, comparado a turbulências anteriores, como a crise mexicana de 1995, a crise asiática de 1988-2000 e a crise argentina de 2001 e 2002.

Por enquanto, a região conseguiu manter o poder aquisitivo das remunerações e baixas taxas de inflação.

Entre 2002 e 2008, houve uma significativa redução da desigualdade na distribuição da renda na região, período durante o qual sete dos 18 países analisados diminuíram a desigualdade, mas esta aumentou em outros três.