Folha Online | 18 de novembro de 2009 - 18:03

Senado adia novamente votação da adesão da Venezuela ao Mercosul

O Senado decidiu nesta quarta-feira adiar novamente a votação do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul. Líderes governistas acataram pedido da oposição para adiar a análise do tema, com o objetivo de elaborar amanhã uma pauta consensual para votações na Casa até o fim do ano.

Nos bastidores, governistas também reconhecem que tinham dúvidas sobre o número de parlamentares favoráveis ao ingresso da Venezuela no bloco. Os líderes preferiram tentar um acordo com a oposição antes de antes de analisar o tema em plenário.

O presidente do Senado, José Sarney, prometeu se reunir amanhã com os líderes partidários para definir a pauta de votações da Casa até o fim do ano.

É a terceira semana consecutiva que o Senado adia a votação do ingresso da Venezuela no Mercosul devido à ameaça da oposição em derrubar o protocolo de adesão.

O governo adiou a votação nas últimas duas semanas por não ter certeza da vantagem sobre a oposição. Líderes governistas admitiram que as recentes declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de que os líderes militares da Venezuela devem estar preparados para a "guerra" no continente, poderiam colocar em risco a aprovação da adesão do país ao Mercosul.

Chávez fez as declarações há duas semanas, o que dificultou as negociações dos governistas para a votação do ingresso da Venezuela no Mercosul. A oposição trabalha para adiar a votação do protocolo de adesão até que haja um compromisso do governo venezuelano de que não há uma "situação de guerra" no continente.

Defesa

O ministro Samuel Pinheiro Guimarães (Secretaria de Assuntos Estratégicos) fez hoje uma ampla defesa do ingresso do país vizinho no bloco econômico.

Ao afirmar que a Venezuela não viola princípios democráticos, Guimarães disse que o Brasil deve fazer um debate menos "emocionado" para discutir se o país deve ingressar no Mercosul.

"Você tem violação de direitos humanos em outros Estados. Há dezenas de sindicalistas, líderes universitários, em outros países da região presos, mortos, assassinados, e não há essa emoção toda", afirmou.

Na opinião de Guimarães, a Venezuela preserva a liberdade de imprensa --apesar de ter determinado o fechamento de emissoras de rádio e TV contrárias ao regime presidencial.

"A Venezuela é um país que aceita a cláusula democrática. Na Venezuela se realizaram eleições com observadores internacionais, todas consideradas democraticamente realizadas. Na Venezuela não há nenhum preso político, não há nenhum jornalista preso. Basta ligar a televisão na Venezuela para verem que a liberdade de opinião, e de criticas, é extraordinária."