Agrolink | 16 de novembro de 2009 - 14:28

Real valorizado prejudica faturamento de agricultores

A valorização do real nos últimos meses tem deixado os agricultores brasileiros de cabeça quente. Com dificuldades para exportar, o câmbio é um dos principais desafios a ser vencido em 2010 pela classe rural.

"O preço dos produtos caindo admitimos. Mas o preço e o dólar caindo juntos é inadmissível", disse a presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), senadora Kátia Abreu (DEM-TO).

Segundo ela, com o real valorizado, um grande comprador do Brasil, a China, prefere adquirir produtos dos Estados Unidos, devido à vantagem de preço. "Mas a tendência é de que a moeda continue se valorizando."

Apesar de o câmbio afetar as vendas para os chineses, os países asiáticos ainda continuam consumindo muito da produção agrícola brasileira.

De acordo com a presidente da CNA, em 2008 a Ásia representou 26% das exportações do País, enquanto que neste ano já participa com 32% do total embarcado. "Temos muita expectativa com a Ásia, principalmente com a China, devido ao processo de urbanização."

Kátia Abreu afirmou que, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a população mundial deve crescer em 2,3 bilhões de pessoas até 2050.

Para suprir essa demanda, a produção apenas de cereais precisa crescer em 1 bilhão de toneladas, o que significa aumento de área de 120 milhões de hectares. A atual produção brasileira de grãos ocupa 60 milhões de hectares.

De acordo com a senadora, se essa meta não for atingida, cerca de 5% da população mundial vai sofrer com acesso a alimentação. "No Brasil, temos áreas para crescer usando tecnologia que permite que nenhuma árvore seja derrubada."

Ela conta que para isso faltam recursos. "Se houvesse esses recursos, não haveria a demanda necessária neste momento."

Para o próximo ano, a presidente da CNA acredita que o plantio vai se recuperar e estima safra agrícola de 140 milhões de toneladas, crescimento de 5% em relação à safra anterior.