Notícias.MS | 13 de novembro de 2009 - 10:49

Efeitos da intervenção nacional abalam bases do PDT no interior de MS

As bases eleitorais do PDT começam a ruir a menos de dois meses depois que a cúpula nacional decretou intervenção no diretório do partido em Mato Grosso do Sul.

A intervenção, articulada pelo líder do PDT na Câmara dos Deputados, Dagoberto Nogueira, obrigou os deputados estaduais Ary Rigo e Onevan de Matos a se abrigarem no PSDB no começo de outubro.

Acuado, outro pedetista, Coronel Ivan, preferiu migrar para o nanico PRTB, deixando a bancada pedetista na Assembléia Legislativa com apenas um representante, Antônio Braga.

O desmoronamento das bases brizolistas no interior começou pelo município de Porto Murtinho, mas já começa dar sinais de enfraquecimento em várias regionais do Estado. O prefeito de Dourados, Ari Artuzi, por exemplo, está sendo aconselhado por Rigo a deixar o partido e se filiar ao PSDB.

O PDT de Porto Murtinho perdeu 54 filiados no começo desta semana devido, conforme os argumentos, a intervenção da cúpula nacional no diretório do partido em Mato Grosso do Sul.

A debandada inclui o ex-secretário de Meio Ambiente do município e até então secretário geral do PDT de Porto Murtinho, Deodival Joicy Quil (Didi), além da segunda vice-presidente do diretório, Márcia Lago, e outras lideranças de expressão, como Regina Salazar, Gleberson Quil e Ninfa Ovelar.

De acordo com Didi, a decisão de deixar a legenda deve-se  à intervenção da executiva nacional que tirou Rigo da presidência regional do PDT.

“Acompanho a trajetória do deputado Rigo há mais de 30 anos e nosso grupo considerou que não havia mais como permanecer no partido depois desse episódio. Acredito que uma intervenção só se justifica quando há falta grave, e o deputado Rigo sempre teve uma conduta irrepreensível à frente do partido”, comentou Didi.

Ele lembrou ainda que o PDT em Porto Murtinho sempre foi um grupo forte e coeso enquanto esteve sob a orientação de Rigo. “A gente sempre teve força suficiente para decidir as eleições e agora estamos discutindo, inclusive com o deputado Rigo, qual o rumo que vamos tomar.

Na minha avaliação, a intervenção da nacional foi desastrosa, deixou o partido dilacerado”, lamentou, apontando ainda que o fato gerou indignação mesmo entre não filiados ao PDT.

Esvaziamento 

Durante o ato de filiação ao PSDB no dia 2 de outubro, Rigo e Onevan deixaram claro que a idéia era atrair seus companheiros para o ninho tucano.

Na prática, a idéia é tentar esvaziar as bases pedetistas no interior do Estado, tirando o maior número de prefeitos e vereadores possível.

“Vamos começar a conversar, o PDT tem 9 prefeitos, quantos virão, não sei”, adiantou Rigo, durante o ato de filiação do qual participaram os principais expoentes do PSDB no Estado.

Por causa do esvaziamento, o atual presidente do PDT, João Leite Schimidt, entrou na Justiça na tentativa de tomar os mandatos dos dois parlamentares.

Quando houve a troca de partido o interventor Leite Schimidt havia advertido os deputados que de o PDT iria requerer o mandato, por infidelidade partidária.

Schimidt garante que não houve expulsão. Mas os deputados alegam que foram pressionados e até insultados por suas posições sobre política de alianças.

O PDT alega que o mandado é do partido e essa condição está expressa em seu estatuto. O PSDB também foi intimado para explicar as razões da filiação dos ex-pedtistas.

Rigo e Onevan, no entanto, não demonstram preocupação. Eles argumentam que têm provas suficientes para justificar a saída do partido: perseguição política.