Mídia Max | 10 de novembro de 2009 - 13:37

Ao Tribunal do Júri, Beira-Mar se declara traficante, não homicida

Em uma hora de interrogatório, o narcotraficante Luiz Fernando da Costa, 42, o Fernandinho Beira-Mar, defendeu-se da acusação de ser o mandante da morte de João Morel, em janeiro de 2001, no EPSM (Estabelecimento Penal de Segurança Máxima). A primeira parte do júri começou por volta das 9 horas e acabou às 10h. Ele disse que é traficante, mas nunca matou. Beira-Mar criticou ainda a CPI do Narcotráfico.

Indagado pela promotoria sobre se ele conhecia João Morel, Beira-Mar disse que sim, pois morou em Cápitan Bado, no Paraguai, na fronteira com a cidade brasileira de Coronel Sapucaia. Mas, negou que tinha vínculos com Morel.

“Ele (Morel) mexia com contrabando de café e cigarro... Entorpecentes não sabia. Nunca tive negócio com Morel”.

“Soube da morte dos filhos dele. Eu estava fora do País, na Colômbia”.

Na primeira fase do Júri, Beira-Mar diz que hoje no Brasil, o nome dele vende jornal. Sustentou que não há provas de que ele tenha encomendado a morte de Morel.

João Morel era conhecido como Rei da Maconha e a morte teria sido por conta da disputa pelo monopólio nos negócios, conforme a Promotoria.

Sobre a existência do monopólio da maconha na fronteira, o acusado disse que ‘é público e notório que a maioria dos paraguaios vive da plantação da maconha, monopólio não existe. Se for contar quantos vendem, vamos passar o resto da vida aqui. Eu tinha o maior respeito. Não me denunciou que eu saiba era uma pessoa honrada”.

Morel foi morto com onze golpes de chuço (faca artesanal) no peito, costas e pescoço. Odair da Silva disse que matou porque voltou na cela para pegar uma camiseta e não a fechou. Condenado, ele disse à Justiça que Morel o repreendeu chamando-o de `bandido vacilão`e por conta disso o matou. Ele negou que o crime tenha sido encomendado.

Beira-Mar disse que `cachorrinhos`da direção do presídio inventaram que o crime foi uma ordem dele. “Cachorrinho da direção tem mordomia, tem que mentir pra manter certas mordomias”.

Na avaliação de jornalistas que acompanham o julgamento, a defesa de Beira-Mar superou a acusação na primeira rodada do interrogatório.

Sobre as acusações da CPI do Narcotráfico, ele disse que ‘infelizmente as CPIs não são para investigar e sim pra pau político. Nunca estive na fazenda de Morel”.

Júri

Na primeria fase, Beira-Mar respondeu as perguntas das promotoras Bianka Karina Barros e Luciana Rabelo. Os advogados de defesa Luiz Gustavo Battaglin, da Capital, e Welington Correa da Costa Júnior, do Rio de Janeiro, também fizeram perguntas.

Alessandra de Souza

Na segunda fase, a acusação deverá apresentar vídeos da reportagem do Domingo Espetacular que mostra Beira-Mar no Presídio Federal. A defesa pediu para que não fosse exibido. O juiz Carlos Garcete não atendeu o pedido do advogado pra que o material não fosse exibido e acrescentou que a defesa poderá pausar o vídeo e interpretá-lo em seguida.

A matéria, segundo Battaglin, foi uma armação. Beira-Mar disse à defesa que não sabia que o juiz Odilon de Oliveira estava com jornalista e pensou que fosse uma equipe dos Direitos Humanos. "Quem inventou o presídio federal foi um psicopata", reclamou no júri dizendo que a solidão e o rigor fazem parte da fábrica de loucos.

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