Folha Online | 30 de outubro de 2009 - 16:05

Argentina diz que não tolerará entraves comerciais do Brasil

A Argentina não vai tolerar que suas exportações --em particular as de produtos perecíveis-- sofram entraves comerciais por parte do Brasil, afirmou nesta sexta-feira o ministro da Economia, Amado Boudou.

A tensão bilateral cresceu esta semana quando o governo brasileiro freou importações argentinas de farinha de trigo, azeites, alho, vinho, frutas, rações para animais e caminhões fabricados na Argentina, entre outros produtos.

Dezenas de caminhões ficaram parados na fronteira e portos não puderam transportar as mercadorias para o Brasil.

"Sempre que a Argentina analisou alguma questão do comércio com o Brasil, trabalhou com produtos não-perecíveis para não gerar um grave dano a algum segmento da produção", advertiu o ministro em entrevista à rádio argentina La Red. "É diferente dizer que há um problema com sandálias do que com frutas."

No entanto, minimizou o alcance do incidente registrado esta semana ao afirmar que "o problema entre os dois países abrange 6% do total do intercâmbio."

A medida é considerada uma represália às licenças não-automáticas (que atrasam o processo de exportação) que a Argentina implementou como argumento para proteger o emprego, a indústria e a produção frente à crise mundial.

O comércio bilateral somou US$ 30,864 bilhões em 2008, com US$ 4,347 bilhões de deficit para a Argentina.

Entre janeiro e setembro deste ano, as exportações brasileiras caíram quase 40%, somando US$ 8,28 bilhões, mas ainda com um saldo positivo de US$ 373 milhões. As exportações argentinas nesse período caíram 20% e somaram US$ 7,906 bilhões, segundo dados do ministério do Comércio e Indústria brasileiro.