Diário MS | 27 de outubro de 2009 - 07:12 PRESOS EM MS

Transferência de presos gera crise política em MS

A transferência de dez presos do Rio de Janeiro para o presídio federal de Campo Grande gerou uma crise política em Mato Grosso do Sul. O deputado federal Marçal Filho (PMDB) anunciou que fará hoje na Câmara um pronunciamento contra a decisão da Justiça Federal de transferir os líderes do tráfico de drogas no Rio para MS. Os presos, que já se encontram no Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, teriam comandado os ataques que derrubaram um helicóptero da Polícia Militar e já resultaram na morte de ao menos 50 pessoas naquele Estado.
“Como representante de Mato Grosso do Sul no Congresso Nacional não posso me calar diante de mais essa injustiça contra nosso Estado”, declarou o deputado ontem, antes de embarcar para a capital Federal. “Estamos virando um depósito de criminosos que outros estados rejeitam”, constatou.
Marçal Filho citou o aumento da criminalidade em Dourados e região após a instalação da Phac (Penitenciária Harry Amorim Costa), na década de 90, como resultado da “invasão” dos grupos organizados, já que com os presos vêm também os familiares e os comparsas, formando aqui o que ele classificou como “sucursais” do crime organizado.
“Para movimentar o ramo principal, que é o tráfico, esses grupos enveredam pelo roubo, prostituição, furto, sequestros e outras modalidades de crimes”, assinalou Marçal Filho, acrescentando que em todas essas “modalidades” de crimes os índices aumentaram depois da chegada do presídio, que hoje abriga mais de 1.500 presos de todas as regiões do país.
Marçal Filho lembrou que desde que foi tomada a decisão de incluir Mato Grosso do Sul na lista dos Estados que receberiam presídios federais houve uma intensa mobilização contra a medida. “Infelizmente o governo fez ouvidos moucos e nos ‘brindou’ com mais esse depósito de bandidos de outros estados”, criticou o parlamentar.
Dentre as incoerências da transferência dos líderes do tráfico em seus Estados para Mato Grosso do Sul, Marçal Filho apontou o fato de MS fazer fronteira com produtores de cocaína (Bolívia) e maconha (Paraguai). “Ora, estão colocando as raposas para, através de seus familiares e comparsas, cuidarem do galinheiro”, ponderou ele, referindo-se novamente à “sucursal” gerada pela transferência.
Além do pronunciamento em plenário, Marçal vai marcar uma audiência com o ministro da Justiça, Tarso Genro, para expressar sua indignação com a transferência dos presos. Ontem, a OAB/MS também publicou uma nota repudiando a medida.
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