Fátima News, com Assessoria | 23 de outubro de 2009 - 14:49

Parceria entre UFGD e MEC garante centro de formação para indígenas

Na quinta-feira, 22 de outubro, uma primeira conversa foi feita entre o reitor da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), professor doutor Damião Duque de Farias, e o Coordenador de Educação Escolar Indígena do Ministério da Educação, Gersen Luciano dos Santos Baniwa, para a construção de um centro de formação voltado para professores e estudantes indígenas.

Segundo o reitor, a proposta é a liberação de R$ 500 mil para as obras do espaço que a princípio terá laboratórios, recepção para acadêmicos indígenas, alojamento, cozinha, biblioteca entre outros setores de apoio. “Esse será um primeiro projeto, um lugar para abrigar pesquisadores, estudantes, tutores, monitores, para troca de experiências e acompanhamento dos estudos. Depois, seguiremos para o projeto de construção do Centro Cultural Indígena que servirá de referência para Mato Grosso do Sul”.

Gersen Baniwa informou que iniciativas como essa estão sendo negociadas com outras instituições públicas federais do Brasil, e que algumas já possuem projetos que saíram do papel, como é o caso da Amazônia, Minas Gerais, Roraima, Goiás e Brasília. “Essa iniciativa é pioneira. O MEC quer encontrar formas de apoiar, principalmente, as federais públicas para o atendimento da educação indígena”.

Dourados está inserida dentro de um território etnoeducacional, neste caso da região do Cone Sul, e em todos os territórios nacionais, o Ministério está firmando parcerias em diferentes ações para a formação do público indígena no ensino infantil, fundamental, médio e superior, e também em outras áreas que extrapolam a Educação.

Agora, o segundo passo para o início dos trâmites do projeto do centro de formação dentro do governo federal, será a elaboração da proposta, com foco para o fortalecimento da UFGD no que se refere à educação indígena.

OS TERRITÓRIOS ETNOEDUCACIONAIS

Dourados está inserida no território etnoeducacional do Cone Sul, tendo como etnia base os Guarani/Kaiowá e os Terena. Com a criação desses territórios, o MEC pretende organizar a educação indígena brasileira, que pode atender um povo ou reunir diversas etnias, independente da divisão geográfica de estados e municípios, com afirmação cultural.
A constituição dos territórios etnoeducacionais foi instituída pelo Decreto nº 6.861/2009, e representa um dos principais avanços da política de educação indígena na América Latina. O território valoriza as culturas, respeita a diversidade étnica, fortalece as línguas maternas e permite a formulação de políticas específicas.
Em todo o Brasil, já existem quatro territórios etnoeducacionais (dois em Mato Grosso do Sul e dois no Amazonas) e outros quatro estão em formação, unindo povos de Roraima e Amazonas, de Tocantins e Maranhão, do Amapá e Pará, e outro com as 14 etnias do Parque Indígena do Xingu, em  Mato Grosso. No conjunto serão 18 territórios etnoeducacionais por todo o país. 

Em Dourados, uma primeira reunião do território aconteceu em agosto, na Câmara Municipal. Depois, em um segundo encontro, foram discutidos os diagnósticos da educação indígena dos municípios da região. Nesta quinta e sexta-feira, os educadores e representantes dos municípios, Estado e governo federal estão definindo as prioridades da educação indígena dentro de quatro grandes áreas: rede física; materiais didáticos; formação continuada e transporte escolar. E em novembro, já está agendado um encontro em Campo Grande para a oficialização das demandas para possíveis convênios com o MEC voltados para a melhoria da educação indígena em Mato Grosso do Sul.