Folha Online | 21 de outubro de 2009 - 07:14

PT e PMDB formalizam pré-acordo para futura aliança em 2010

PT e PMDB formalizaram uma espécie de pré-acordo entre os dois partidos para a futura aliança em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência da República.

Na presença da cúpula dos dois partidos, o PT vai oferecer a vice-presidência na chapa de Dilma ao PMDB durante jantar no Palácio da Alvorada, residência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O anúncio oficial da aliança, porém, será feito pelos peemedebistas somente em 2010.

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), é cotado para ficar com a vice-presidência. Temer, porém, desconversa quando questionado sobre a sua participação na chapa da petista. "Na verdade, não há candidato a vice. Se houver a participação do PMDB na chapa como se pretende, não há nome para a vice. Há provavelmente a vice, mas não há ainda nome para isso", disse o deputado.

Segundo Temer, o PMDB vai definir somente na convenção da legenda, no ano que vem, se efetivamente vai se coligar com o PT em nível nacional. Por enquanto, a ordem dentro do PMDB é fechar um acordo informal com os petistas para forçar a legenda a apoiar a candidatura de Dilma.

Os peemedebistas têm dois problemas para administrar antes de formalizar a aliança: a ala dissidente da legenda e as resistências estaduais à união com o PT. O grupo pró-Dilma aposta na solução dos impasses regionais que permitam a aliança nacional se repetir nos Estados até o anúncio oficial da aliança. "São as lideranças regionais que passam a ser nossa obsessão, na certeza de que o acordo nacional vai impor mais respeito e melhor compreensão das bases", afirmou Temer.

No que diz respeito aos dissidentes, favoráveis ao PMDB apoiar um candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves (PSDB-MG) ou José Serra (PSDB-SP), os peemedebistas reconhecem que terão mais dificuldades para unir o partido. Com a tradição de dissidências, a cúpula peemedebista reconhece nos bastidores que não terá forças para unir a legenda em torno de Dilma.

O grupo pró-Serra aposta na queda da petista nas pesquisas de intenção de voto como forma de pressionar a maioria da legenda mudar de ideia em relação à aliança com o PT. "O tempo não favorece a eles, favorece a nós [dissidentes]. Temos que procurar os descontentes, as pessoas que conhecem a história do PMDB. Isso é coisa do [presidente] Lula. No fundo, é transformar o partido num satélite do PT. Em acho [a aliança] uma precipitação e o governo não ganha com isso", disse à Folha Online o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

Na opinião de Jarbas, que integra o grupo contrário à aliança com Dilma, o tempo vai mostrar ao PMDB que o partido não deveria ter firmado compromisso com o PT uma vez que a candidatura da ministra tem chances de não decolar. O senador defende o apoio do PMDB à candidatura do governador José Serra (PSDB-SP) ao Palácio do Planalto.

"O que a gente tem que fazer é enfrentar essa realidade nova que o PMDB pôs em prática, combater isso e esperar que o PSDB defina a candidatura. Definindo a candidatura, melhora para os dissidentes. A gente tem uma condição melhor de lutar com a candidatura definida", afirmou.

Caciques

As principais lideranças do PT e do PMDB participam do jantar. Entre os petistas, além de Lula e Dilma, o presidente da legenda, deputado Ricardo Berzoini (SP), os ministros Tarso Genro (Justiça), Paulo Bernardo (Planejamento), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), assim como parlamentares do partido.

No PMDB, participam do jantar Temer, os ministros Hélio Costa (Comunicações), Nelson Jobim (Defesa), Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), líderes e parlamentares --como o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL).

Segundo parlamentares peemedebistas, Lula entrou campo para dar força ao acordo entre o PT e o PMDB. Com o presidente participando diretamente das negociações, a cúpula peemedebista avalia que terá mais força para defender dentro do partido a aliança formal com os petistas.