Mídia Max | 20 de outubro de 2009 - 14:45

Tensão: grupo de índios reocupa fazendas; ruralistas vão a Sidrolândia

O conflito por terra em região onde moram os terena no Estado segue e há risco de confronto. Em Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, duas das três fazendas ocupadas no sábado por grupos das aldeias Córrego do Meio e Lagoinha foram desocupadas na madrugada, após os caciques discutirem com os índios se eles aceitariam ou não a proposta feita pela Famasul (Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul) de que teriam que sair da área para que houvesse uma pressão na Justiça acerca da morosidade no processo.

Cerca de 200 ruralistas seguem para o local em apoio aos fazendeiros que temem mais ocupações.

Imbróglio

O presidente da entidade ruralista, Ademar da Silva Júnior foi surpreendido ontem à tarde com a visita de cerca de 70 índios na sede da federação, em Campo Grande. A portas fechadas, indígenas que disputam há 9 anos 17.200 hectares com fazendeiros naquela região, tentaram negociar uma saída para o imbróglio jurídico.

Ao contrário das brigas judiciais por conta do estudo antropológico que ocorrem nas áreas onde moram os guaranis, no Sul do Estado, em Sidrolândia e Dois Irmãos essa fase já foi feita e a demarcação aconteceu, mas os fazendeiros conseguiram em 2006, na Justiça Federal embargar o processo demarcatório. A decisão na época foi do juiz Odilon de Oliveira.

Desde então, o processo está parado no TRF3º Região, em São Paulo. E ontem, a Famasul propôs aos caciques a formação de um grupo, que envolveria fazendeiros e indígenas, para seguir até a capital paulista e lá pressionar o judiciário. Mas, para isso, os terenas deveriam sair das fazendas 3R, Cambará e Querência São José.

Divisão

Os índios disseram que antes deveria perguntar ao povo deles. À meia-noite a 3R foi desocupada pelo grupo da aldeia Córrego do Meio, liderada por Antônio Aparecido. A área da Cambará, ocupada por índios da Lagoinha, também foi liberada.

Porém a Querência São José, cujo líder Rodrigues, da aldeia Buriti, permaneceu ocupada. Essa fazenda fica em Dois Irmãos do Buriti.

Em desacordo com os grupo da Córrego do Meio, os terenas da aldeia Buriti reocuparam a 3R e também a Cambará, ou seja, tudo ficou na mesma.

Tensão

O grupo do terena Aparecido aguarda em Sidrolândia a chegada de membros da Famasul. “Nós estamos buscando o diálogo e a reunião que era pra hoje, aconteceu ontem mesmo quando chegamos de Campo Grande e desocupamos a 3R e a Cambará. Agora o pessoal da Buriti ocupou de novo”, disse o líder. Indagado se iriam viajar juntos com os membros da Famasul, Aparecido disse que não. “Eles têm dinheiro vão de avião e nós vamos de ônibus”, explicou.

“Todos os órgãos já foram avisados. Vem gente de todo o estado pra cá. Vamos reunir 200 pessoas. Quem vai defender o que é da gente?”, disse ao Midiamax, Edmar Bacha, proprietário da Fazenda Buriti. A área não está ocupada, mas segundo ele, uma tensão já toma conta dos fazendeiros.

O pedido de reintegração de posse já foi protocolado na Justiça Federal pelos ruralistas. Se for aceito, a PF (Polícia Federal) é a única capaz de retirar os índios e na região barrar conflitos.

 

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