A. J. Rettenmaier | 16 de outubro de 2009 - 17:32

Leia a coluna Fala Sério “A pescaria do Betão!” por A. J. Rettenmaier

A pescaria do Betão!

Do Betão, vocês devem lembrar. É o sobrinho do Boca, que teve sua formatura aqui contada.

Pois semanas atrás, estava na companhia do Betão no sitio de familiares, quando ele resolveu pescar numa bucólica lagoa. O primeiro problema foi encontrar as minhocas para usar como isca, e depois conseguir ser apresentado para a tal de vara de pescaria com anzol do tamanho certo para pescar os pequenos peixes da lagoa.

Já no trapiche, adentrando na lagoa, o primeiro problema estava em convencer a minhoca a ficar quieta para ser enfiada no anzol. Na bronca do Betão, que só podia ser mesmo sobrinho do Boca, ela rebolava demais para fugir da ponta do anzol. Quando finalmente conseguiu a colaboração desta, foi preciso dizer ao rapaz de que se não desenrolasse a linha da vara, não teria como alcançar com a isca os lugares mais fundos da água. Jogado o anzol com a isca na água foi preciso explicar que, se não deixasse a isca quieta nenhum lambari se aproximaria. Para ele, entretanto, se jogasse a isca e a ficasse puxando, atrairia os peixes que viriam correndo atrás da minhoca e ele daria uma freada na vara e os peixes não iriam resistir à tentação.

Para guardar os frutos de sua pescaria levou junto um balde de bom tamanho e cheio d’água, porque queria conservar os peixes vivos um bom tempo ainda depois de pescados. Lá pelas tantas, mordeu a isca um lambari de uns quinze centímetros que depois de muito sofrimento conseguiu ser liberado do anzol e posto no balde. Feliz da vida o Betão garantiu que “agora vou pegar um ainda maior!”

Isca no anzol, anzol na água, esquecido o lambari no balde. Este aproveitou bem o balde cheio, olhou, olhou, deu algumas voltas pelo balde, foi ao fundo, pegou o embalo e “PLOOFFFF”... Foi o primeiro sinal, e o segundo foi “BLUUUUGGGG”...

O lambari saltou do balde direto a uma fresta do trapiche e na água da lagoa.

O Betão, como só pode ser sobrinho mesmo do Boca, jurou que o pescaria de novo e ficou ali, até que o chamaram para almoçar.

Fiquei pensando que aquele lambari não tinha mesmo gostado da decisão do Betão de pegar outro ainda maior, e que muitas vezes na vida, esquecemos também de saborear e cuidar das pequenas conquistas porque julgamos que jamais as perderemos ou conseguiremos outras mais fáceis ainda. Até que o peixinho pule de nosso balde e volte para a lagoa.

Esta coluna está em mais de 70 jornais impressos e eletrônicos do Brasil e Exterior, e à partir desta semana, estamos abraçando novos amigos através do Brazilian Pacific Times de São Diego, Califórnia,Estados Unidos.

Escritor, Cronista e Palestrante, membro da AGEI, Associação Gaúcha de Escritores Independentes. ajrettenmaier@terra.com.br