Folha Online | 15 de outubro de 2009 - 13:33

Juro ao consumidor cai para menor nível desde 1995, aponta Anefac

As taxas de juros ao consumidor caíram em setembro para o menor nível já registrado (7,01% ao mês, em média) pela Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), que iniciou sua pesquisa em 1995.

A entidade verificou que nos últimos oito meses os juros praticados no mercado caíram de forma consecutiva, mesmo com o fato de que o Banco Central não mexeu na taxa Selic (8,75% ao ano), que serve de referência para bancos e financeiras em suas operações.

"Estas reduções podem ser atribuídas à melhora no cenário econômico e maior competição no sistema financeiro", avalia Miguel José Ribeiro de Oliveira, coordenador da pesquisa da Anefac.

O levantamento da associação aponta uma taxa de juros média de 7,01% para a pessoa física em setembro, ante 7,08% em agosto e 7,46% em setembro de 2008. Apesar das quedas recentes, tomar empréstimos a essa taxa ainda significa ver a dívida mais que dobrar (125,47%) ao final de um ano.

Os juros praticados no cartão de crédito (10,68% ao mês) continuam no topo da lista das taxas mais caras e não se alteraram desde fevereiro de 2009. Nas financeiras, que oferecem o segundo juro mais alto (pelo levantamento da Anefac), a taxa média recuou de 10,62% ao mês para 10,48%.

E nas linhas de cheque especial, a taxa de juros cedeu de 7,38% para 7,34% enquanto os juros do empréstimo pessoal nos bancos passou de 5,15% para 5,02%.

Pessoa jurídica

A Anefac também detectou um decréscimo nas taxas de juros oferecidas para as empresas. O juro médio dos empréstimos para pessoa jurídica caiu para 3,89% ao mês em setembro, ante 3,98% em agosto e 4,36% em setembro de 2008. Anualizada, essa taxa representa um juro de 58,08%.

No topo da lista de taxas mais caras, o juro médio da conta garantida (o "cheque especial" da pessoa jurídica) passou de 5,38% ao mês para 5,24%. Já o custo do capital de giro passou de 3,56% ao mês para 3,49%, enquanto o juro praticado nas linhas para desconto de duplicatas passou de 3,45% ao mês para 3,39%.

Perspectiva

"A pesquisa deste mês demonstra o retorno das condições de crédito anteriores à crise em setembro de 2008, tanto no alongamento dos prazos dos financiamentos bem como na redução dos juros das operações de crédito", afirma a entidade.

Para o futuro, a perspectiva é de que a queda continue --a Anefac lista três motivos: o pior da crise já passou, a Selic continuará a cair, menor risco de inadimplência.

"Deveremos inclusive ter períodos em que a Selic vai ficar inalterada e as taxas de juros das operações de crédito vão ser reduzidas", indica a entidade.