Folha Online | 14 de outubro de 2009 - 09:58

Veto a MS e MT, leva a usinas de açúcar e álcool para Goiás

O modelo de zoneamento da cana proposto pelo governo federal vai direcionar a expansão da indústria sucroalcooleira para Goiás, segundo produtores e governo do próprio Estado e de Mato Grosso.

O projeto veta novas plantações em Mato Grosso e em parte de Mato Grosso do Sul. A indústria do setor em Goiás comemora o plano, já que o Estado terá uma das maiores áreas para desenvolvimento entre os principais produtores. O governo de Mato Grosso critica.

Goiás, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), é o Estado que mais deve crescer no setor no Brasil na próxima safra, seguido por Mato Grosso do Sul. São Paulo, líder do setor no país, tem menos espaço para ampliar suas plantações.

O plano do governo federal restringe o plantio no bioma Amazônia, no Pantanal e na bacia do Alto Paraguai. A polêmica sobre a questão levou o governador André Puccinelli (PMDB-MS) a xingar o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) há duas semanas.

Para o secretário mato-grossense da Fazenda, Eder Moraes, o zoneamento é uma "intervenção direta" no Estado. Para Moraes, é "bem provável" que investimentos previstos para o Estado migrem para Goiás. Maranhão, Pará e São Paulo também podem ser beneficiados, diz. Caso o texto atual seja mantido, ele pede compensações aos afetados.

Jorge Santos, diretor-executivo do sindicato da indústria sucroalcooleira de Mato Grosso, diz que o Estado está sujeito a perder um polo de produção de álcool na região de Tangará da Serra (230 km de Cuiabá), onde três usinas somariam quase R$ 3 bilhões em investimentos. Para ele, o zoneamento é uma "canetada".

"O assunto vai além de uma disputa política entre Estados."

Segundo a Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul, a restrição pode "inviabilizar" regiões do Estado.

O projeto de lei do zoneamento foi encaminhado pelo governo federal ao Congresso, onde ainda será discutido.

"Canibalizar"

Para o secretário da Agricultura de Goiás, Leonardo Veloso, o Estado "pode tirar um grande proveito" da situação. Diz, porém, que a cana não pode "canibalizar" outras culturas, como a de grãos, e que o Estado precisa achar compradores para a produção.

O apoio ao avanço da cana não é unanimidade no Estado. Em 2006, a Prefeitura de Rio Verde, um importante centro agrícola, sancionou lei que limitou o plantio da cana a 10% da sua área agricultável.

André Rocha, do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool de Goiás, diz que o zoneamento pode "potencializar" o crescimento que o Estado já apresenta. Para ele, Goiás desponta como a "nova fronteira do álcool", ao lado de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.