Folha Online | 8 de outubro de 2009 - 16:50

Brasil será dependente de gás por muito tempo, estima Petrobras

Vai demorar muito para o Brasil se tornar autossuficiente na produção de GLP (gás liquefeito de petróleo), o gás de cozinha, admitiu nesta quinta-feira o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. "É uma questão físico-química. Não dá para a gente exigir do óleo mais do que ele pode dar. Então, não vejo a menor possibilidade de que nos tornemos autossuficientes na produção de GLP, mesmo em um horizonte longo", disse.

As projeções do presidente da Petrobras foram feitas com base em uma estimativa de crescimento do consumo de GLP da ordem de 1,7% ao ano até 2020, enquanto o gás natural residencial crescerá cerca de 5,4%.

"Haverá uma substituição natural do GLP pelo gás natural principalmente nas principais áreas urbanas do país, mas ainda assim não haverá como produzirmos o suficiente para o nosso próprio consumo", afirmou.

Gabrielli ressaltou que a Petrobras está investindo US$ 50 bilhões na construção de cinco novas refinarias e que, exceto o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), todas produzirão GLP, mas ainda assim em volume insuficiente para atender ao mercado.

O presidente do Sindigas (Sindicato das Distribuidoras de Gás), Sérgio Bandeira de Mello, tem uma expectativa mais otimista sobre a produção de GLP. Ele não acredita que o consumo de gás crescerá nos próximos anos a ponto de superar as 16 milhões de toneladas/ano, volume a ser produzido pelo país até 2030, conforme estimativa da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

"Na nossa visão agente vai ter autossuficiência e nos tornarmos exportadores de GLP, porque não acreditamos que a demanda vá crescer nessa proporção", disse.

Bandeira de Mello informou, ainda, que a capacidade de produção do mercado interno é hoje de 6 milhões de toneladas/ano, para um consumo de 6,4 milhões de toneladas por ano, volume que deverá saltar para 9 milhões de toneladas em 2020, um aumento de 40%.