1 de novembro de 2004 - 08:35

Cultivares transgênicas serão ofertadas em Mato Grosso

Produtores de soja de Mato Grosso poderão contar, a partir do ano que vem, com cultivares transgênicas adaptadas ao Cerrado. Pelo menos é o que prevê o superintendente da Fundação Mato Grosso, empresa de pesquisa com sede em Rondonópolis (210 quilômetros ao Sul de Cuiabá) e que desenvolve, em seus campos experimentais, o cruzamento genético de 10 cultivares de soja com a Roundup Ready.

As cultivares a serem colocadas no mercado aliam o trabalho desenvolvido pela Fundação MT, e que resultou em novas variedades de soja resistentes a doenças e pragas da lavoura, com a tecnologia da Monsanto, empresa norte-americana pioneira na biotecnologia e detentora do Roundup Ready, soja geneticamente modificada tolerante ao herbicida do mesmo nome.

Convênio assinado há dois anos entre as duas empresas credenciou a Fundação MT a realizar testes com o material transgênico em seus campos experimentais, em áreas com permissão da Comissão Técnica Nacional de Biotecnlogia (CTNBio). As pesquisas envolvem recursos na ordem de US$ 7 milhões.

A colocação de variedades de soja geneticamente modificadas e adaptadas ao Cerrado resolve um dos principais problemas da utilização de transgênicos nesta região. A soja transgênica entrou no Brasil de forma clandestina através da fronteira entre o Rio Grande do Sul (RS) e a Argentina, regiões de latitude e altitude muito diferentes do Centro-Oeste brasileiro. Com isso, não houve muita adaptação ao Cerrado, como relatam os poucos produtores que se arriscaram a plantar soja transgênica na safra passada.

De todas as sementes clandestinas de soja transgênica, apenas uma dava sinais de boa adaptação ao Cerrado, mas deverá ser superada pelas variedades desenvolvidas pela Fundação MT em parceria com a Monsanto.

Outra entidade que pesquisa soja transgênica adaptada ao Cerrado é a Fundação Centro-Oeste (FCO), também com sede em Rondonópolis e com campo experimental em Primavera do Leste (239 quilômetros ao Sul de Cuiabá). A pesquisa vem sendo desenvolvida em parceria com a Embrapa/Soja, com sede em Londrina (PR), e envolve três cultivares de soja: Baliza, Variosa e Silvânia, que já estão sendo multiplicadas nesta safra.

O gerente geral da Embrapa Transferência de Tecnologia em Brasília (DF), José Roberto Rodrigues Peres, diz que todas as três cultivares apresentam alta produtividade - de até 60 sacos por hectare - além de tolerância ao nematóide de cisto, cancro de haste e indicativos de tolerância à Ferrugem Asiática, doença que vem tirando o sono de muitos sojicultores pelo Brasil afora.

As três cultivares também terão o gene Roundup Ready mediante cooperação técnica com a Monsanto, mas só poderão chegar ao mercado de comercialização a partir da liberação por parte do governo Federal ou aprovação do Projeto de Lei de Biossegurança, que está nas mãos dos deputados federais, desde o primeiro trimestre de 2004.

O diretor executivo da Sementes Polato, Edeon Vaz de Almeida, defende a aprovação, pelo Congresso Nacional, de uma emenda ao projeto de Lei da Biossegurança que permita a multiplicação das sementes de soja transgênica na safra do ano que vem e a liberação da comercialização a partir de 2006/2007. "Tudo isso deve ser feito de forma ordenada", observa.
 
 
 
 
 
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