22 de outubro de 2004 - 09:24

Brasil deve liderar produção mundial de soja em seis anos

A produção mundial de soja pode aumentar em um terço nos próximos seis anos devido à exploração pelo Brasil de novas áreas de plantio para atender à demanda crescente da China, disse a LMC International Ltd., uma empresa que realiza pesquisas sobre o mercado de commodities agrícolas. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos Estados Unidos.

A produção mundial de soja pode chegar a 250 milhões de toneladas até 2010, segundo prevê a LMC, comparado aos 190 milhões de toneladas produzidos neste ano, disse em uma conferência sobre soja, em Pequim, James Fry, diretor-executivo da LMC International, sediada em Londres. Segundo Fry, o Brasil contribuirá com o maior aumento produtivo e responderá por quase um terço da produção mundial até o final desta década.

"A América do Sul dominará cada vez mais o comércio internacional de soja e de produtos derivados da soja no futuro, e esse domínio será mais uma vez puxado pelo Brasil", disse Fry durante a conferência com o tema China Soybean Outlook (Perspectivas da Soja na China). O Brasil provavelmente começará a cultivar uma área de plantio equivalente à ocupada pelos Estados Unidos atualmente.

O governo brasileiro pretende investir US$ 570 milhões na reforma de estradas até a próxima safra para melhorar a infra-estrutura e ajudar seus produtores agrícolas a concorrer com agricultores de outros países. A crescente produção de soja, algodão e arroz ajudou a impulsionar a disparada de 33% das exportações do Brasil, tirando a maior economia da América do Sul da recessão.

Oferta maior

A produção de soja do país pode alcançar os 77 milhões de toneladas em 2010, disse Fry. O Brasil produziu 49,23 milhões de toneladas de soja em sua última safra, segundo dados divulgados pelo governo brasileiro.

Os preços da soja em Chicago despencaram em um terço este ano devido à expansão da produção por parte dos agricultores de Brasil, EUA e Argentina, que pretendiam tirar proveito da disparada dos preços do produto no mercado de futuros. No ano passado, os contratos de futuros tiveram valorização de 41% e em 2002 os preços haviam subido 34%.

Mercado futuro

A soja para entrega em novembro caiu US$ 0,5, ou 0,1%, passando a valer US$ 5,32 o bushel no pregão eletrônico noturno da Bolsa de Chicago às 15h05 (horário de Cingapura).

O consumo da China de farelo de soja, produto utilizado, principalmente, na alimentação gado, deve crescer cerca de 7,5% ao ano até 2010, segundo a previsão do analista. Essa cifra deve ser comparada ao crescimento mundial anual da demanda do produto, prevista em 4,5% ao ano, disse Fry.

O consumo de óleo de soja, mais utilizado pela população mundial no preparo de alimentos, também deverá crescer, segundo informou a Associação Norte-americana de Soja.

"Há muito espaço para crescimento à medida que a população rural da China continental recebe mais dinheiro para seus gastos e começa a adotar uma dieta mais variada", disse na conferência Phillip Laney, o diretor da associação na China.

Laney prevê que o consumo anual per capita de óleo de soja na China - atualmente de 5,1 quilos - alcançará o de Taiwan, em 19 quilos per capita. Laney não disse quanto tempo levará para que o consumo chinês chegue a esse nível.
 
 
Agrolink