20 de outubro de 2004 - 14:17

Dívida do governo federal cresce R$ 9,53 bilhões em setembro

A dívida do governo federal em títulos públicos cresceu 1,25% em setembro e chegou a R$ 771,30 bilhões, segundo nota divulgada hoje pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional. Em agosto, a dívida somava R$ 761,77 bilhões. O aumento foi causado por emissões de títulos públicos no mês passado e pelos juros incidentes sobre a dívida.

Apesar do crescimento, ficou mais fácil para o governo pagar porque aumentou a parcela da dívida prefixada (cuja remuneração é definida no momento da emissão e, portanto, varia menos com o humor do mercado), que subiu de 16,66% para 17,46%, devido à emissão de R$ 6 bilhões em LTNs (Letras do Tesouro Nacional).

A quantidade de títulos pós-fixados (remunerados com base na taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, que oscila com mudança nos humores do mercado) permaneceu praticamente estável --de 52,93% em agosto para 53% no mês passado. O aumento ocorreu após o resgate de R$ 1,7 bilhão em LFTs (Letras do Tesouro Nacional), que compensou apenas parcialmente os juros do período.

Também caiu a parcela dos papéis indexados ao câmbio (dólar) na composição total da dívida, de 13,15% em agosto para 12,32% no mês passado. Essa redução aconteceu após o resgate líquido de R$ 3,6 bilhões em títulos e a valorização do real de 2,56% em setembro --que teve impacto de R$ 2,5 bilhões.

O objetivo do BC e do Tesouro é reduzir as dívidas em dólar e indexadas à Selic e aumentar a participação de papéis prefixados e atrelados aos índices de inflação. Para o tomador do dinheiro --o governo-- isso é bom porque fica mais previsível saber o quanto será pago pelo empréstimo.

Prazo

O prazo médio de emissão da dívida subiu para 18,1 meses em setembro, contra 13,3 meses no mês anterior. Já o prazo médio para pagamento da dívida caiu de 29,3 meses para 28,6 meses.

Do total da dívida --R$ 771,30 bilhões--, 46,69% irá vencer nos próximos 12 meses, ante 44,46% no período anterior. Esse percentual vem subindo de forma constante nos últimos meses.

Segundo Ronnie Tavares, coordenador de operações da dívida pública do Tesouro, isso ocorre porque os títulos prefixados são emitidos com um prazo mais curto. Para ele, o aumento desse prazo irá ocorrer só com a melhora das condições de mercado.

'A medida que o governo adota a postura de aumentar a parcela de prefixados, tem esse efeito colateral', disse.

Esse aumento da dívida que vence no curto prazo, que tem influência sobre o índice de solvência do país --um dos indicadores analisados por investidores estrangeiro-- é minimizado quando se olha toda a dívida pública brasileira --incluindo a dívida externa. A dívida externa tem prazo médio mais longo, com um parcela muito pequena vencendo no curto prazo.
 
 
Folha Online