20 de outubro de 2004 - 10:15

Exportação de carne dobra em dois anos

As exportações de carnes devem render US$ 6 bilhões em 2004, faturamento que tem crescido nos últimos anos. Entre 2002, a receita somou US$ 3 bilhões, ou seja, em dois anos o faturamento dobrou. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (19-10) pelo chefe do Departamento de Comércio Exterior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Donizeti Beraldo.

O Brasil conseguiu exportar carne para países que não eram tradicionais compradores. Por causa de problemas sanitários, grandes fornecedores mundiais, como os Estados Unidos e Canadá, têm restrições na venda para importantes mercados. "O cenário de crescimento das exportações pode mudar com o retorno desses fornecedores ao mercado mundial", afirmou Beraldo. A expectativa é de retomada das exportações desses países já no final do ano. "Aí o cenário não será tão positivo para o Brasil", avaliou.

A CNA aposta no fim do embargo russo à carne brasileira em novembro. A liberação pode ser anunciada durante visita de missão russa ao País, programada para o próximo mês, afirmou Beraldo. Ele admitiu que, se o assunto não for resolvido em novembro, haverá impacto na exportação prevista para 2004. O técnico calculou que, se a restrição for mantida, a receita cambial obtida com as exportações de carnes ficará de US$ 200 milhões a US$ 300 milhões abaixo da previsão de US$ 6 bilhões para o ano.

O ministro interino da Agricultura, José Amauri Dimarzio, disse que "os russos se comprometeram a priorizar a análise de relatório de 500 páginas entregue pelo Brasil". O documento presta informações detalhadas sobre o programa sanitário do País e esclarece o registro do foco da doença em fazenda do município de Careiro da Várzea, no Amazonas. O registro levou a Rússia a suspender as compras. "Acredito que pode haver uma resposta na semana que vem", afirmou Dimarzio, que integrou missão que esteve na semana passada em Moscou.

SOJA

As exportações de complexo soja em 2005 devem render US$ 9,3 bilhões ao País, contra previsão de US$ 9,7 bilhões a US$ 10 bilhões em 2004. Beraldo citou os números para enfatizar a perspectiva de menor remuneração da agricultura em 2005. "O cenário não será tão róseo", comentou. Ele explicou que a produção de soja na safra 2003/04 foi de 50 milhões de toneladas. Para a safra atual, 2004/05, previsões indicam colheita entre 62 milhões e 63 milhões de toneladas.

"A produção será 25% maior, mas o recuo de preços internacionais não permitirá que a receita cambial cresça no mesmo ritmo", afirmou. Parte da baixa de preços é justificada pela estimativas de produção nos Estados Unidos. Ele disse ainda que os preços internacionais da soja estão em queda e as perspectivas não são animadoras para o curto prazo.

No acumulado de janeiro a setembro, as exportações do complexo soja cresceram 38,3%, atingindo US$ 8,72 bilhões. Em relação a igual período de 2003, o crescimento é de US$ 2,4 bilhões. No período, a balança comercial do agronegócio apresentou superávit recorde de US$ 26,25 bilhões, 39,4% acima de igual período do ano passado. A receita obtida com os embarques cresceu 33,5%, indo para US$ 29,86 bilhões. "As exportações do agronegócio no total das exportações brasileiras chegou a 42,5% do total", afirmou.
 
 
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