14 de outubro de 2004 - 09:11

Safra dos EUA derruba preços e põe em alerta sojicultor

A super-safra norte-americana de 84,5 milhões de toneladas de soja, anunciada na última terça-feira pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), validou as projeções sombrias que o sojicultor sul-mato-grossense tinha para a safra 04/05 que está iniciada no Estado. Com este volume, haverá um excedente de produção no mundo de quase 20 milhões de toneladas, o suficiente, para manter os preços da commoditie, sob uma pressão baixista de preços para o próximo ano e absorver a lucratividade da cultura.

No relatório do USDA de setembro, a previsão era de uma safra de soja de 77,1 milhões de toneladas, com produtividade média de 43 sacas por hectare, mas em um mês, as médias de produtividade alcançaram 47 sacas/hectare, o que contabilizou no atual levantamento, cerca de 7 milhões de toneladas a mais. As primeiras análises mostram que com os valores ditados pela Bolsa de Chicago, em função da safra recorde, a saca vai ter custo de cerca de US$ 13,00 no Estado, mas terá preço no mercado de cerca de US$ 11,00, levando em consideração o câmbio atual, também sob efeito baixista.

"Com preços baixos, custo de produção elevado, atraso na liberação de crédito oficial e incertezas sobre a produtividade estadual, a soja deixa de ser lucrativa para os produtores de Mato Grosso do Sul, que sofrem com as precárias condições de logística e com a incidência de chuvas e da ferrugem asiática durante a safra", avalia o presidente da Aprossul (Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso do Sul), Carmélio Romano Roos, completando que será um ano ruim para o sojicultor que poderá considerar uma vitória se empatar despesas e lucros.

Roos lembra que o produtor já enfrenta problemas como a decisão da China de recuar na compra de soja e a redução da venda de farelo de soja por causa da gripe aviária. “Além disso, sabemos de expansão da área plantada com soja no Brasil e na Argentina e, agora, mais a super-safra contribuem para um ano sombrio para a sojicultor sul-mato-grossense e brasileiro”, destaca, prevendo que o produtor deve reduzir a quantidade adubo, o que pode comprometer a produtividade.